Dimensão ética da educação
Por:
António Pedro
Introdução
Em Ética, fica explícito que nos costumes, manifesta-se um aspecto
fundamental da existência humana: a criação de valores. Os diversos grupos e
sociedades criam formas peculiares de viver e elaboram princípios e regras que
regulam seu comportamento. Esses princípios e regras específicos, em seu
conjunto, indicam direitos, obrigações e deveres. Não há valores em si, mas sim
propriedades atribuídas à realidade pelos seres humanos, a partir das relações
que estabelecem entre si e com a realidade, transformando-a e se transformando continuamente.
Assim, valorizar significa relacionar-se com a natureza, atribuindo-lhe
significados que variam de acordo com necessidades, desejos, condições e
circunstâncias em que se vive.
O presente trabalho foi objecto de investigação dos membros em que para a
sua produção o grupo baseou-se em consulta de internet sobre o tema e tem como
objectivo trazer a reflexão sobre a Dimensão Ética na educação.
1 Dimensão ética na Educação
1.1 Conceituação
Segundo o dicionário Aurélio apud PAIAO (S/D) “Educação significa acto ou
efeito de educar-se, processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral do ser humano; e Ética significa: conjunto de normas e
princípios que norteiam a boa conduta do ser humano”.
Ética - são os princípios morais e os valores que norteiam os seres humanos
nas suas acções com outros membros da colectividade. “Falta de Ética” assunto
que tem aparecido com muita frequência em muitos meios de comunicações, é “uma
crise social”, como por exemplo:
·
Crise
na política: - é correcto trocar votos e aceitar dinheiro?
·
Crise
nos desportos: - manipulação de resultados do futebol;
·
Crise
na ciência: - é correcta a tentativa de clonar seres humanos?
·
Crise
na religião: é correcto condenar o aborto em quaisquer circunstâncias?
·
Crise
na polícia: cada dia que passa aumenta o número de policiais que agem como
marginais.
1.2
Objectivo da ética na educação
Ética na educação tem como objectivo formar um indivíduo consciente
de seus deveres e direitos dentro de uma sociedade.
Para um convívio regular entre as sociedades sempre se exigiu um comportamento que, ao longo da história se baseia nas leis estabelecidas nos pólis gregos e mais tarde, na idade média, baseadas em leis estabelecidas com fundamentos
no Cristianismo. Isto para proporcionar uma margem de respeito mútuo e a sí próprio, havendo assim a responsabilidade inerente de se
repassar esses padrões a gerações futuras, que através de instituições de
ensino são dadas as bases para a adaptação na sociedade actual. Dando-se assim
a ética na educação e consistindo nesse objectivo de formação de um indivíduo
consciente de seus deveres e direitos dentro de uma sociedade.
Trazer a ética para o espaço escolar significa enfrentar o desafio de
instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das
áreas de conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos
limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização
das acções e relações e dos valores e regras que os norteiam.
Configura-se, assim, a proposta de realização de uma educação moral que
proporcione às crianças e adolescentes condições para o desenvolvimento de sua
autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade,
fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da gestão de acções
colectivas. O desenvolvimento da autonomia é um objectivo de todas as áreas e
temas transversais e, para alcançá-lo, é preciso que elas se articulem. A
mediação representada pela Ética estimula e favorece essa articulação.
1.3 Ética vs Educação
Ao ingressar no campo da ética no ensino escolar, as actividades
persecutórias esbarram-se em limitações, não sendo totalmente livres para
agirem. Deve haver respeito com a individualidade e a realidade posta a cada
aluno. Como também coma realidade de cada sociedade.
Logo ao nascer, o ser humano se relaciona com
regras e valores da sociedade em que está inserido; a família é o primeiro
espaço de convivência da criança. Ao lado da família, outras instituições
sociais veiculam valores e desempenham um papel na formação moral e no
desenvolvimento de atitudes; a presença constante dos meios de comunicação de
massa nos espaços públicos e privados, conferem a eles um grande poder de
influência e de veiculação de valores, de modelos de comportamento; a religião
contribui da mesma forma; as várias instituições sociais, motivadas por
interesses diversos concorrem quando buscam desenvolver atitudes que expressam
valores.
A escola de hoje tem estado a deixar de lado a construção moral e a
educação ética, atribuí-se prioridades a outros assuntos como metas, a
mensalidade escolar, mas esquece que a formação do indivíduo é a mais importante,
e que permeará por toda a sua vida. A criança que educa-se eticamente torna-se
um adulto capaz de ir ao encontro do outro, reconhece-se com seu igual e não
assume as regras morais como regras obrigatórias. Portanto, o educador possui
um papel fundamental na formação ética e moral do indivíduo, principalmente na
educação infantil, onde inicia-se a vida escolar.
Não se ensina moral e ética, vivencia-se. Se a escola deixa de cumprir o
seu papel de educador em valores, a referência ética de seus alunos estará
limitada à convivência humana que pode ser rica em se tratando de vivências
pessoas, mas pode estar também carregada de desvios de postura, atitude
comportamento ou conduta, e mais, quando os valores não são bem formal ou
sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos educandos como simples
conceitos ideais ou abstractos, principalmente para aqueles que não os
vivenciam, sejam por simulações de práticas sociais ou vivenciados no
quotidiano.
Se entendida como apenas mais um meio social que veicula valores na vida
das pessoas que por ela passam, a escola encontra seu limite na legitimidade
que cada um dos indivíduos e a própria sociedade conferir a ela.
Se entendida como espaço de práticas sociais em que os alunos não apenas
entram em contacto com valores determinados, mas também aprendem a estabelecer
hierarquia entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e a consciência
de como realizam escolhas, ampliam-se as possibilidades de actuação da escola
na formação moral, já que se ocupa de uma formação ética, para formação de uma
consciência moral reflexiva cada vez mais autónoma, mais capaz de posicionar-se
e actuar em situações de conflito.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, na tentativa de propor uma educação
comprometida com a cidadania, elegeram, com base em textos constitucionais,
princípios pelos quais pode ser orientada a educação escolar:
·
Dignidade da pessoa humana, que implica no respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação
de qualquer tipo, acesso a condições de uma vida digna, respeito mútuo nas
relações interpessoais, públicas e privadas.
·
Igualdade de direitos que refere-se à necessidade de garantir que todos tenham a mesma
dignidade e possibilidade de exercício da cidadania. Para tanto há que se
considerar o princípio da equidade, isto é, que existam diferenças (éticas,
culturais, regionais, de género, etárias, religiosas, etc.) e desigualdades
(socioeconómicas) que necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja
efectivamente alcançada.
·
Participação, que como
princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto é, da
complementaridade entre a representação política tradicional e a participação
popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade
homogénea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc.
·
Co-responsabilidade pela vida social, que implica em partilhar com os poderes
públicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade
pelos destinos da vida colectiva.
1.3 Papel do professor/educador na ética
Ao trabalhar a ética na educação em sala de aula, o professor se depara com
a questão do choque de valores. Os diversos valores, normas, modelos de
comportamento que o indivíduo compartilha nos diferentes meios sociais a que
está integrado ou exposto colocam-se em jogo nas relações quotidianas. A
percepção de que determinadas atitudes são contraditórias entre si ou em
relação a valores ou princípios expressos pelo próprio sujeito não é simples e
nem óbvia para isso:
·
Requer
uma elaboração, implicando reconhecer os limites para a coexistência de
determinados valores e identificar os conflitos e a incompatibilidade entre
outros. A forma de operar com a diversidade de valores por vezes conflituantes
também é dada culturalmente, ainda que do ponto de vista do sujeito dependa
também do desenvolvimento psicológico. Os preconceitos, discriminações, o
negar-se a dialogar com sistemas de valores diferentes daqueles do seu meio
social, o agir de forma violenta com aqueles que possuam valores diferentes, são
aprendidos;
·
A
escola, como uma instituição pela qual espera-se que passem todos os membros da
sociedade, coloca-se na posição de ser mais um meio social na vida desses
indivíduos. Também ela veicula valores que podem convergir ou conflituar com os
que circulam nos outros meios sociais que os indivíduos frequentam ou a que são
expostos.
·
Deve,
portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar os seus alunos dentro
dos princípios democráticos.
Na educação em ética, o educador deve ter consciência das limitações
actuais, não perdendo de vista de que o discurso ético é construído em estado
de permanente tensão (que caracteriza o próprio existir do Homem) entre a
contingência histórica e o desejo de universalidade (OLIVEIRA:1996)
Conclusão
Feita análise do trabalho pelos membros do grupo percebe-se que a educação
é uma socialização das novas gerações de uma sociedade e, enquanto tal,
conserva os valores dominantes (a moral) naquela sociedade. Toda educação é uma
acção de diálogo entre seres humanos sendo ela eficiente enquanto processo
formativo e ao mesmo tempo, eticamente má; pode ser boa do ponto de vista da
moral vigente e má do ponto de vista ético. A educação ética (ou, a ética na
educação) acontece quando os valores no conteúdo e no exercício do acto de
educar são valores humanos e humanizadores.
A educação para a vida exige dos educadores uma postura de acção com
responsabilidade, ou seja, habilidades de oferecer respostas mais adequadas às
demandas, à medida que essas se apresentam. A Ética, antes de mais nada, deve
estar impregnando as acções de cada dia, seja dentro da sala de aula ou fora
dela. Nunca se deve perder a oportunidade de formar a mente e o coração dos
alunos. Se tiver de ser feito através de uma disciplina específica, que seja
bem-feito e que haja contextualização com o momento presente.
A revisão nos cursos de formação de professores é urgente, pois precisa-se
de educadores completos que tenham atitudes éticas em sua essência para
orientar nossas crianças, adolescentes e jovens que buscam algo melhor para sua
formação e para suas vidas.
Bibliografia
- Ética na educação. Disponível em http://www.webartigos.com/articles/3557/1/Etica-Na-Educacao/pagina1.html. Acesso: 16 de Setembro de 2010.
- Ética na educação . Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_na_educa%C3%A7%C3%A3o. Acesso em 14 de Setembro de 2010.
- PAIAO, Célio. Educação e Ética : Princípio de sucesso ou fracasso? Disponível ( Online). Email: celiopaiao@hotmail.com. Acesso: 10 de Setembro de 2010.
- OLIVEIRA, Renato José. Formação do Homem no contexto de crise da razão. In Revista Brasileira de Educação. Maio/Junho/Julho/Agosto de 1996. pp 39-40
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