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terça-feira, 24 de abril de 2012

Educação ambiental para jovens e adultos

Educação ambiental para jovens e adultos

Por: António Pedro (trabalho apresentado durante as Jornadas cientificas de 2010 pela UP Nampula)

Introdução
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em carácter formal, informal e não-formal. Ela constitui uma das estratégias importantes para a prevenção dos problemas ambientais em geral e das zonas urbanas em particular e é definida pelo governo de Moçambique âmbito do PECODA[1], como a primeira acção a ter em conta na Gestão Ambiental a todos níveis.
Pressupõe-se que enquanto o Homem, que é o “maior problema ambiental”, estiver educado ambientalmente, estará apto a participar activamente na tomada de medidas individuais, colectivas e ou sectoriais face aos problemas ambientais locais e globais “por si provocados”.
É com este tema que o autor pretende trazer a reflexão durante as jornadas científicas, que é uma momento específico e propício em que a Universidade Pedagógica de Moçambique, cria para que os seus estudantes, de forma individual ou colectiva, possam apresentar temas de interesse com um cunho científico por si elaborados.
O objectivo deste tema é trazer a reflexão sobre o processo de Educação Ambiental, direccionada à jovens e adultos e especificamente: fazer uma reflexão teórica sobre como deve ser um processo de Educação Ambiental; trazer algumas constatações de como é feita na prática a Educação Ambiental direccionada aos jovens e adultos; e propor metodologias sustentáveis que devem ser tomados em conta no âmbito Educação Ambiental.
Para a produção do presente tema o autor baseou-se em consultas documentais e bibliografias sobre o ambiente com destaque para a documentação produzida e em uso em instituições públicas ligadas a Educação Ambiental (Ministério para Coordenação da Acção Ambiental e Centros de Desenvolvimento Sustentável).
Feita a recolha e compilação da informação a presente apresentação está estruturada por:
  • Introdução do seu autor;
  • Os objectivos, os conceitos básicos e abordagens da Educação Ambiental
  • Principais problemas que levam ao fracasso da Educação Ambiental para jovens e Adultos em forma de constatações
  • Algumas recomendações para a estruturação de uma Educação Ambiental para jovens e Adultos e
  • Conclusão

1. Objectivos
1.1 Objectivos geral
  • Reflectir sobre o processo de Educação Ambiental direccionada à jovens e adultos


1.2 Objectivos específicos
  • Apresentar as abordagens teóricas da Educação Ambiental;
  • Analisar os principais constrangimentos que afectam o processo de Educação Ambiental direccionada aos Jovens e Adultos e
  • Propor metodologias para um processo sustentável de Educação Ambiental para jovens e Adultos

2.1 Conceitos básicos

Educação - Processo pelo qual a sociedade forma os seus membros `a sua imagem e  em função dos seus interesses ( Pinto)
A educação, pressupõe a transmissão de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes de uma sociedade, que visa a mudança de comportamento

Ambiente ou Meio ambiente - Em geral ambiente é a natureza ou seja, conjunto de seres vivos e não vivos. Conjunto de elementos sem vida ( montanhas, ar, etc), com vida ( animais, plantas, etc), a relação entre si e a maneira como o Homem se relaciona com estes elementos para a satisfação das suas necessidades ( Cfr. Lei 20/97)

Educação Ambiental- Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a colectividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.( Lei 20/97)

De acordo o Seminário de Divulgação de Boas práticas de Gestão Ambiental (2010) “Educação Ambiental é um processo de transmissão e partilha de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes sobre o meio ambiente”;
“É o desenvolvimento da compreensão e de competências necessárias para escolher as melhores opções de gestão ambiental e estilos de vida mais sustentáveis”(Ibid).
Em suma pode-se afirmar que Educação ambiental é um processo permanente de educar sobre o ambiente (partilha de valores, conhecimentos, etc), no ambiente (actividades práticas no ambiente) e para o ambiente (acções para o alcance de um desenvolvimento Sustentável. EAEA[2](2002)

Educador(s) ambiental(s)- É uma pessoa ou grupo de pessoas que realizam a tarefa de desenvolver a consciência sobre o ambiente e sobre os problemas ambientais do local onde se encontram.

Adulto – Em geral considera-se adulto um indivíduo que saiu da adolescência.
Considera-se adulto, um indivíduo que possui 4 aspectos da capacidade humana: sociológico (plano económico); Biológico (procriação); Psicológico (independência psíquica) e Jurídico (normas legais para o relacionamento com os outros).
Partindo destes 4 pressupostos importa designar adulto, um indivíduo que ocupa o Status definido pela sociedade por ser maduro o suficiente para a continuidade da espécie e auto administração cognitiva e capaz de responder pelos seus actos perante a sociedade.

2.2 Tipos de educação ambiental

De acordo o ENEA (2002) no âmbito da Educação ambiental existem três tipos nomeadamente: Formal, Não formal e Informal.

Formal - Desenvolve-se de forma estruturada dentro do sistema formal de ensino (pré/ escolar, ensino básico, médio, técnico/ profissional e superior) e nela são focados conteúdos referentes ao ambiente.

Informal - Compreende programas de educação ambiental através da rádio e televisão, artigos nos jornais, revistas, folhetos, cartazes, brochuras, auto-colantes, Internet e actividades culturais (canto, dança, poesia, musica, teatro entre outras). Realiza-se em instituições cuja finalidade não é o ensino.

Não formal - Desenvolve-se através de palestras, seminários, acções de capacitação e actividades extra- curriculares (criação de espaços verdes, jornadas de limpeza e actividades culturais e desportivas). Que se realiza ao acaso.

3.1 . Educação ambiental no âmbito da Educação de Adultos

Segundo a UNESCO[3] ( 1997) “Educação de adultos, entende-se como conjunto de processos de aprendizagem formal ou não graças ao qual as pessoas consideradas adultas pela sociedade a que pertencem, desenvolvem capacidades, enriquecem conhecimentos e melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais ou as orientam de modo a satisfazerem as suas necessidades e as da sociedade”.
Partindo desta visão da UNESCO, importa referenciar que Educação Ambiental para Jovens e Adultos é aquela que é ou deve ser direccionada para Jovens e Adultos visando não a transmissão mas sim o desenvolvimento de capacidades, enriquecimento de conhecimentos ou melhoria das qualificações sobre o ambiente global ou local.

Educar adultos no caminho da cidadania[4] responsável exige métodos específicos diferentes dos que são para crianças e adolescentes SOUSA (2000:19).

Para o caso específico deste grupo alvo, torna-se evidente chegar ao consenso que no âmbito da Educação de Adultos deve-se cingir para dois tipos: Educação Ambiental nas componentes Não formal e Informal, que podem ser desenvolvidas por organizações de educação (sociais, formais e não formais).
A educação ambiental, pode-se integrar na componente formal se esta estiver integrada nos programas de Alfabetização de Jovens e Adultos, com conteúdos estruturados nos respectivos currículos de ensino.
De acordo SCARLATO e PONTIN (2003) “As actividades ligadas aos tipos não formal e informal em matéria ambiental, são desenvolvidas por educadores que têm de dar a sua contribuição por estarem voltados a produção do saber crítico, devem reflectir e agir com intuito de mobilizar pessoas em prol de uma qualidade de vida”.
Em suma: A Educação Ambiental para jovens e adultos serve para introdução de valores ambientais socialmente aceites e acumulados pela experiência de modo a viver o presente e preparar o futuro para as novas gerações de forma equilibrada

Nestes termos a Educação ambiental para jovens e adultos visa:
  • Transmitir aos cidadãos conhecimentos, habilidades, valores e atitudes para garantir a gestão sustentável do ambiental.
  • Tornar os cidadãos educados, conhecedores, actualizados, motivados, comunicativos, didácticos, esclarecedores e convincentes em aspectos de gestão ambiental
  • Garantir a participação consciente dos cidadãos na tomada de iniciativas individuais e colectivas em actividades de gestão do ambiente.

A Educação Ambiental para jovens e adultos recupera, reconhece, respeita, reflecte e utiliza os conhecimentos indígenas, a cultura e crenças locais, promove a diversidade cultural, linguística e ecológica no da respectiva área.


4.1  Metodologias a serem usadas no âmbito da Educação de Adultos
A palavra método significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim. Agir com um dado método supõe uma prévia análise dos objectivos que se pretendem atingir, as situações a enfrentar, assim como dos recursos e o tempo disponíveis, e por último das várias alternativas possíveis. Trata-se pois, de uma acção planeada, baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente conhecidos.
Um programa de Educação Ambiental dirigido a jovens e adultos pode ser implementados ou realizado através de: Oficinas ou Fóruns de Educação ambiental; visitas a locais de interesse; Jornadas de Boas Práticas; Actividades culturais, Palestras ou Exposições


Tabela 1: As metodologias, objectivos e intervenientes de cada uma das metodologias no âmbito da Educação Ambiental para Jovens e Adultos

Metodologia


Objectivos

Intervenientes
Oficina de Educação Ambiental
Estimular a percepção dos atributos ambientais e da relação da sociedade com o meio ambiente
Lideres locais; Fóruns, ONG`s/OCB`s; Grupos de interesse
Fórum de Educação Ambiental
Construir um espaço para discussão  e debate sobre a temática ambiental nas comunidades locais
Lideres tradicionais e religiosas; Rádios Comunitárias, Instituições privadas

Visitas a locais populares ou excursões
Avaliar as regiões com dificuldades em manter o ambiente equilibrado sem que haja perdas de recursos econômicos ou sociais e
Familiarizar os participantes com os problemas ambientais locais

ONG`s, Instituições de Investigação, Instituições de ensino
Jornadas de boas práticas (limpeza, combate a erosão, etc)
Demonstrar os processos como tem sido feitos desenvolvidos como forma a ser aproveitado para as comunidades
ONG`s/OCB`s; Autoridades locais
CM`s; Comunidades locais;
Atividades  culturais
Difundir a mensagem ambiental sobre as boas praticas de gestão ambiental nas comunidades
Grupos culturais Artistas/Escritores
Palestras
Consciencializar as comunidades locais sobre a problemática ambiental e estratégias de mitigação
Ambientalistas, Institutos de Investigação, Influentes, Técnicos CM
Exposições
Mostrar elementos, circunstâncias e atitudes relacionadas com o ambiente e a sua percepção.
ONG`s, Instituições  de Investigação, Instituições Publicas

Fonte: Seminário de Divulgação de Experiencias e Boas Práticas de Gestão ambiental[1]

 



5.1  Etapas do Processo de Educação ambiental para jovens e adultos

De acordo o PECODA (2009) no âmbito da Educação ambiental importa referenciar 6 etapas  a saber:
E1. Identificação do problemas e dos objectivos a atingir
É o momento de conhecer o objecto de trabalho. Neste, reflecte-se em fórum próprio sobre que ganhos pretende-se obter depois da intervenção sobre o assunto e sobre o grupo alvo e para tal deve analisar:
         O que se pretende resolver
         Qual é o problema chave
         O que se pretende mudar
         Qual vai ser o assunto
E2. Identificação do grupo alvo da EA
         Pessoas que directamente fazem pressão sobre o ambiente local;
         Estruturas locais; 
         Membros da comunidade com prestígio;
         Organizações Pró-ambientais;
         Público em geral.

E3. Identificação da Mensagem chave e da linguagem a usar
Processo em que se busca despertar a preocupação individual e colectiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais.
Tanto a mensagem assim como a linguagem a usar, deve ser: simples, de fácil compreensão, linguagem popular, directas, concisas, oportunas e deve-se montar peças teatrais de fácil compreensão ( animadas, activas, curtas, mobilizadoras) tomando em conta as particularidades dos adultos


Figura: Características de uma mensagem de EA









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Fonte: Seminário de Divulgação de Experiencias e Boas Práticas de Gestão Ambiental

E4. Escolha da estratégia educativa
A escolha da estratégia pressupõe a definição de qual o suporte será usado de modo:
  • Atingir o grupo-alvo;
  • Comunicar eficientemente a informação sobre o programa;
  • Estimular a participação da comunidade através de associações, comités, clubes, núcleos entre outros. 
E5. Implementação da acção educativa
Com base na estratégia definida, identificar :
  • Que suporte será usado para a transmissão da mensagem
         Como será transmitia e quem ira transmitir a mensagem
         Quando será transmitida a mensagem/ Que recursos serão usados

E6. Avaliação do processo
Depois de implementada a actividade, deve-se fazer a avaliação do processo com todos os intervenientes do mesmo para ver analisar:
            O grau de alcance dos resultados previstos;
            A eficiência ou eficácia dos métodos usados;
            A necessidade de replicação para os outros bairros.

No processo de avaliação torna-se imperiosa a participação de todos os envolvidos no processo de formas que cada um se sinta envolvido tanto na avaliação como na tomada de decisões.



6.1 Como é feita a Educação Ambiental dirigida a jovens e Adultos (Cenários actuais)
                  
A Constituição da República de Moçambique, no artigo 117, número 2 alínea c) preconiza que “com o fim de garantir o direito ao ambiente no quadro de um Desenvolvimento Sustentável, o estado adopta políticas visando promover a integração de valores do ambiente nas políticas e programas educacionais”
A Estratégia de Desenvolvimento Sustentável preconiza, na área de educação ambiental não formal a consciencialização, divulgação e disseminação de informação para o alcance do Desenvolvimento Sustentável.

O Programa de Educação Comunicação e Divulgação Ambiental (PECODA) elaborado pelo MICOA[5] preconiza que a comunicação deve possibilitar à sociedade civil e às comunidades o acesso à informação ambiental através de meios ou combinação de canais sustentáveis e disponíveis em cada em cada área geográfica (Boletim informativo, folhetos, palestras, debates públicos, teatro, visitas, seminários, workshop, etc).

Apesar destes e outros instrumentos existentes para orientar a educação ambiental, muita coisa ainda deve ser feita não só por parte do governo como também dos profissionais desta área, das organizações envolvidas e da comunidade em geral. Como exemplo disso, nos programas de educação de jovens e adultos não há clareza dos conteúdos ambientais com carácter educativo e não apenas informativo como se apresentam.

Olhando para a realidade da Educação ambiental para jovens e adultos nas nossas comunidades,  importa buscar SOUSA (2000:22) que afirma que “a educação ambiental é um mau sem rumo, empurrada pelas mãos de muitos timoneiros, cada um mais certo do que a sua certeza, da correcção de sua rota, e mais imune à considerações complementares e correctivos propostas por seus adversários”.

A realidade disso muitos, dos programas de educação ambiental promovidos por grupos isoladas e de forma inconsistente ao nível das comunidades não têm contribuído para a formação de uma consciência ambiental nos jovens e adultos a todos os níveis ( dos menos informados aos mais informados) nem a criação de uma mentalidade com uma visão de “Desenvolvimento Sustentável”[6]  
Algumas acções de formação e capacitação levadas a cabo tanto pelo governo assim como pelas Organizações Não Governamentais não se apresentam como solução para a consciencialização dos cidadãos sobre a necessidade de preservação ambiental. Muitas dessas acções de formação ou capacitação realizadas associam-se a implementação de projectos e que no fim dos mesmos não tem havido planos de continuidade.

7.1 Constatações

A Educação ambiental para jovens e adultos está inserida apenas nas acções do MICOA e os outros sectores do governo (Educação, Agricultura, Cultura, Acção Social, entre outros) estão alheios ao processo o que torna ela cada vez mais fraca e inconsistente.
Os programas de Educação ambientais para jovens e adultos são realizados em forma de campanhas periódicas pelas ONG`s e Organizações Pró-Ambientais locais, sem nenhuma consistência. Tanto as metodologias assim como as mensagens muitas vezes são impostas aos jovens e adultos e não reflectem a sua realidade económica, cultural, etc.

Das principais abordagens e da realidade como é feita a Educação Ambiental no contexto de Jovens e Adultos, na actualidade Importa frisar os seguintes aspectos específicos:
Humano
  • Ainda mantém-se o Fraco conhecimento das populações sobre aspectos de gestão ambiental;
  • Fraca capacidade de busca de informação sobre ambiente;
  • Analfabetismo ambiental de muitos jovens e adultos nas comunidades


Político
  • Ausência de políticas sociais preventivas sistematizada para implementar programas de Educação ambiental para jovens e adultos
  • Ausência de política educacional-ambiental hierarquizada para crianças, jovens e Adultos
  • Ausência de sistema de banco de dados sobre estado do ambiente ao nível comunitário para permitir a monitoria e acompanhamento
  • Falta de instrumentos (metodologias, e estratégias) que oriental o processo de Educação ambiental para jovens e adultos a vários níveis (Comunitário, Localidades, Postos Administrativos, Distritos/Municípios e Provincial) de a divisão administrativa do País

Didáctico
  • Nota-se a fraca aplicação dos métodos a ter em conta nos Programas de Educação Ambiental dirigidos para Jovens e Adultos. Em muitos casos não se nota a separação do uso de métodos entre crianças e Adolescentes e Jovens e Adultos;
  • Nos programas de Alfabetização e Educação de Adultos, não há uma sistematização tanto dos conteúdos assim como das metodologias de como deve decorrer e do que deve concretamente ser feito ou realizado de acordo a realidade local; e
  • Insuficiência em bibliografias que enfatizam a educação ambiental para jovens e adultos


8.1 Recomendações

De acordo as constatações e tomando em conta a complexidade do problema, importa referir que há uma necessidade de fazer uma reflexão a todos os níveis sobre a Educação Ambiental em Geral e especificamente a aquela que é dirigida à jovens e adultos de formas a adequar metodologias, conteúdos  mais acertadas e com os quais poderão se identificar as comunidades de formas que possam participar de forma consciente
  1. Com o objectivo de garantir a difusão e o acesso à da informação ambiental a todas as camadas da sociedade com vista a um desenvolvimento sustentável equilibrado a curto, médio e longo prazos em todo o território nacional é necessário: reflectir aspectos metodológicos para uma educação ambiental direccionada `a jovens e adultos em cinco âmbitos: documentação, didáctico, capacitação, coordenação e cultural de acordo o quadro abaixo:

Tabela 2: recomendações para reverter o cenário da Educação Ambiental para jovens e Adultos
Âmbito
Recomendação
Responsabilidade

Documentação

Recolher, divulgar e disseminar informação ambiental que contribua para mudança atitudinal e comportamental de jovens e Adultos
. Estudantes de EA
.Instituições de investigação
Didáctico
Definir pacotes de educação ambiental em conformidade com o grupo alvo e em duas línguas (português e local influente) dirigido a jovens e adultos
Estudantes de EA
Instituições de Investigação/Pesquisa
Capacitação
Identificar e capacitar em matéria ambiental todas as camadas sociais localizáveis principalmente aos educadores e alfabetizadores de jovens e adultos
Estudantes
Instituições de ensino
Instituições de investigação
Coordenação
Identificar e estabelecer parcerias com todas as organizações actuantes na educação de adultos bem como todos os órgãos de comunicação no âmbito da Educação Ambiental
Governos locais
Fóruns de Educação de Adultos

Cultural
Identificar e sistematizar e interpretar hábitos culturais locais que possam perigar o uso sustentável de recursos naturais urbanos
Instituições de investigação
Comunidades
Fonte: Autor

2- Necessidade de hierarquização dos grupos alvos para a Educação Ambiental para jovens e Adultos importa na qual numa primeira fase deve se observar a quatro níveis: Comunitário, Público, Municipal/Distrital e Privado ( PECODA Urbano:2009).

  • Comunitário - envolvendo: Agregados familiares; Líder comunitário; Líder religioso; Representante politico; Responsáveis dos CAEA
  • Público – Educadores/Alfabetizadores; Professores secundários; Instituto (Alfabetização e de professores); Universidades ( Docentes/discentes);
  • Municipal/Distrital - Conselho Municipal/Administração; Chefes dos sectores; Chefe de Posto Administrativo; Directores Sociais; Assembleia Municipal/Conselhos Consultivos distritais e
  • Privado – Mercados Municipais/Distritais; Igrejas locais; Associações Industriais; ONG`s, Comunicação Social

3- Não menos importante é a mobilização de recursos (Materiais, Humanos e Financeiros) a todos os níveis para garantir um processo de Educação Ambiental eficiente para jovens e adultos a todos os cidadãos com uma perspectiva de igualdade e equidade.

Espera-se que com a implementação destas e outras recomendações que mais tarde poderão ser propostos a vários níveis, se possa esperar um novo rumo para uma educação ambiental sustentável para jovens e adultos na qual o Curso de Educação de Adultos, através dos seus profissionais, poderá exercer um papel preponderante em fornecer subsídios (através de técnicas, metodologias e estratégias adequadas e acertadas) a serem tomados em conta pelos educadores de adultos.








                 





Conclusão

Partindo do Princípio 3 de Tbilisi “A educação ambiental, seja formal ou não formal, dever ter como base o pensamento crítico e inovador em qualquer lugar e tempo, promovendo a transformação e construção da sociedade”percebe-se aqui o papel deste processo na vida todos os cidadãos.
 As abordagens teóricas sobre este processo abrem um espaço de reflexão no sentido de que há uma necessidade no decurso de qualquer processo de educação formal ou não direccionada à jovens e adultos a vários níveis incutir neles a consciência sobre o ambiente sobre tudo a sua gestão.
Embora uma minoria das nossas comunidades (de forma isolada) esteja comprometida com a questão ambiental torna-se evidente a realidade dos nossos dias e devidos a vários fenómenos que ocorrem têm como causa à problemas ambientais, incluindo até o fenómeno da pobreza e a educação ambiental poderá contribuir significativamente.

Neste sentido, abre-se um espaço para o Curso de Educação de Adultos em coordenação com vários actores ligados a Educação de Adultos, subsidiar com estratégias, métodos ou técnicas que devem ser usados para um processo de educação ambiental para jovens e adultos e submeter aos decisores (Governo) para a sua legitimação, de formas a reverter o cenário actual da educação ambiental direccionada aos jovens e adultos.

Aos profissionais de educação de adultos a vários níveis cabe ainda a tarefa de buscar novas formas de ser, estar e fazer na sociedade em que estão inseridos no tocante a problemática ambiental na actualidade e ao mesmo tempo serem facilitadores de uma nova visão sobre as formas de vida que se desejam num futuro não tão distante.

Finalmente torna-se urgente uma reflexão com todos actores envolvidos tanto no ambiente como na educação de jovens e adultos para análise e selecção de metodologias sustentáveis para um processo de educação de modo a abranger jovens e adultos de todos os estratos sociais pois a educação ambiental é permanente e contínua.


Bibliografia

  • Centro de Desenvolvimento Sustentável para as Zonas Urbanas. PECODA Urbano. CDS-ZU. Nampula. 2009
  • ___________________________________________ Educação Ambiental no âmbito Municipal. In: Seminário de Divulgação de Experiências e Boas Práticas de Gestão ambiental. Ilha de Moçambique. 29 de Junho a 2 de Julho de 2010.
  • Ministério para Coordenação da Acção Ambiental. Estratégia Nacional de Educação Ambiental. MICOA. Maputo. 2002.
  • ___________________________________________ Programa de Educação, Comunicação e Divulgação Ambiental. MICOA. Maputo. 2009.
  • República de Moçambique. Constituição da República. Aprovada pela Assembleia da República em 16 de Novembro de 2004. Artigo 117
  • SCARLATO, Francisco Capuano e PONTIN, Joel Arnaldo. O ambiente urbano. 3 ed. Atual Editora. São Paulo.1999.
  • SERRA, Carlos. Colectânea da Legislação do ambiente 3 ed. Centro de Formação Jurídica e Judiciária – Ministério da Justiça. Maputo. 2007
  • SOUSA, Nelson Melo. Educação ambiental – Dilemas da prática contemporânea. Thex Editora. Rio de Janeiro. 2000



[1] Programa de Educação, Comunicação e Divulgação Ambiental
[2] Estratégia Nacional de Educação Ambiental
[3] Organização da Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
[4] Cidadania preconiza o gozo de direitos Civis e Políticos de um estado livre.
[5] Ministério para Coordenação da Acção Ambiental
[6] Desenvolvimento Sustentável , Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas, é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras satisfaçam as suas próprias necessidades.

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