António Pedro
Relação
entre Educador e Educando (s) no Processo de Ensino e Aprendizagem: Caso centro de Alfabetização e Educação de
Adultos “ São João de Deus” – Cidade de
Nampula (2010-2011)
Relatório de Práticas Pedagógicas
apresentado ao Departamento de Ciências de Educação e Psicologia para obtenção
do grau académico de Bacharel em Educação de Adultos
Supervisora : dra. Amélia Ernesto Tocova
Universidade Pedagógica
Nampula
2011
Dedicatória
Dedico este trabalho
a minha família e em especial a minha filha Antonia Antonio Pedro " Tonia" por ter sido fonte de inspiracao.
Índice
Abreviaturas
e Siglas………………………………………………………………….…. -4-
Índice
de Tabelas…………………………………………………………………………..-5-
Declaração…………………………………….…………………………………………...
-6-
Dedicatória…………………………………..…………………………………….………..-7-
Agradecimentos…………………………………..…………………………….………….-8-
Resumo……………………………………….……………………………….……………-9-
Introdução…………………………………………………………………….………….…
10
Capítulo I…………………………………………………………..………………….…….12
1.
Descrição
das fases das PP`s…………………………..………………….………12
1.1
Práticas
Pedagógicas I………………………………………….………….……….12
1.1.1
Observação
física do centro………………………...………………………….…13
1.1.1.1 Descrição física do centro de
AEA de Micolene………………………….…...13
1.1.1.2 Descrição da área
Organizacional do Centro de Micolene …………….........15
1.1.1.3 Descrição da área Pedagógica
do Centro de Micolene……………………..18
1.1.1.4 Descrição da área
administrativa do Centro de Micolene…………………...20
1.1.2 Constatações e recomendações das
PPI………………………………………...22
1.1.2.1 Constatações………………………………………………………………….
.….22
1.1.2.2 Recomendações…………………………………………………………………..23
1.2
Práticas
Pedagógicas II……………………………………………………………23
1.2.1
Observação
de aulas no centro………………………………..…………………24
1.2.1.1 Objectivos e critérios de
observação……………………………………………24
1.2.1.2 Técnicas e
instrumentos de recolha de dados………………………………...25
1.2.1.3 Descrição do perfil dos
educadores………………………………………….….25
1.2.1.4 Organização das turmas no centro……………………………………….……26
1.2.1.5 Breve descrição do programa do
3º Ano de AEA……….........……………..……….26
1.2.1.6 Dosificação e
planificação de aulas no centro …………………………….…..26
1.2.1.7 Aproveitamento
pedagógico da turma observada……………………..…….……..…26
1.2.1.8 Observação da turma do
3º Ano………………………………………………..…...…27
1.2.1.9 Estrutura e organização das
aulas……………………………………………..…...…27
1.2.2
Constatações
e recomendações das PPII…………........……………………………32
1.2.2.1 Constatações……………………………………………………………………….……32
1.2.2.2 Recomendações………………………………………………………………….…..…33
1.3 Práticas Pedagógicas III……………………………………………………………….……33
1.3.1 Assistência,
Planificação e Leccionação de aulas ……………………………....……33
1.3.1.1 Assistência de aulas……………………….…………………………………….…..….34
1.3.1.2 Planificação de aulas pelo
estudante praticante….……..……………………….……35
1.3.1.3 Leccionação de aulas na sala………………………………………...………..….……36
1.3.2 Constatações e recomendações das
PPIII……………………………………..….……36
1.3.2.1 Constatações………………………………………………………………..….…..…….37
1.3.2.2 Recomendações ……………………………………………………………….……….37
Capitulo II………………………………………………………………………………..….…….39
2. Descrição do problema levantado e confrontação com a
bibliográfica.………………….. 39
2.1 Descrição do problema levantado no
local das PP`s……………………..……………….39
2.2 Confrontação entre a literatura e
o problema levantado.……………............................................................................……….……….……40
2.2.1Conceitos de educador e
educando…………………………………...…………..…..…..40
2.2.2 Relação entre educador e
educando……………....................................................……………….……..…………….……41
Conclusão ………………………………………………………………….………….……..……45
Anexos………………………………………………………………………………………..……47
Apêndices………………………………………………………………………………….……..
53
Bibliografia……………………………………………………………………………….…..……59
Abreviaturas e Siglas
AEA – Alfabetização e Educação de
Adultos
IUBM - Igreja União Baptista de
Moçambique
CAEA – Centro de Alfabetização e
Educação de Adultos
c.p -
Conversa pessoal
MEC – Ministério da Educação e Cultura
SEJT – Serviços de Educação, Juventude
e Tecnologia
PEA – Processo de Ensino e
Aprendizagem
SNE – Sistema Nacional de Educação
dr.- doutor (referente à um
licenciado)
TPC – Trabalho Para Casa
PP – Práticas Pedagógicas
L1 - Língua primeira
L2 – Língua segunda
UP – Universidade Pedagógica
Lista
de tabelas
Tabela 1 – Número total dos
alfabetizadores do centro de AEA de Micolene
Tabela 2 – Temas dos seminários
apresentados na sala de aulas durante as PPII
Tabela 3 – Temas dos seminários das
PPIII
Declaração
Declaro
que este Relatório de Práticas Pedagógicas é resultado da minha investigação
pessoal e das orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e
todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e
na bibliografia final.
Declaro
ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
Nampula, de Setembro de 2011.
_________________________
António Pedro
Dedicatória
A minha
família e em especial a minha filha Antónia António Pedro “Tónia” pelo facto de
ser fonte da minha inspiração durante os estudos.
Agradecimentos
`A Direcção do
Centro de Desenvolvimento Sustentável para as Zonas Urbanas, pela oportunidade
que meu deu para dar continuidade com estudos num curso regular enquanto
funcionário;
`A equipa de
docentes da Cadeira de PP`s da UP e particularmente do Curso de Educação de
Adultos durante o período 2009-2011, por terem se empenhado durante a
leccionação da Cadeia de Praticas Pedagógicas;
`A supervisora
deste relatório, dra Amélia Tocova, vai um agradecimento especial pela
paciência e coragem durante o período de elaboração do mesmo;
`A equipa de
alfabetizadores do centros de AEA de Micolene
e São João de Deus pela recepção e apoio ao grupo na recolha de dados; e
Finalmente, vai um
abraço aos colegas de turma em geral e aos membros dos grupos de trabalho
durante as PP`s nos centros em particular, pelo espírito de equipa demonstrado
durante de recolha de dados.
Resumo
A abordagem do presente relatório que tem como tema:
Relação entre Educador e Educandos no PEA, tem o objectivo geral de Disseminar
a boa experiência educativa de relacionamento entre educador e educando no PEA
e especificamente pretende: descrever as experiências vivenciadas durante as
PP`s; Caracterizar o bom relacionamento entre educador e educandos observado; e
Propor metodologias para a disseminação da experiência para outros centros. As
PP`s obedeceram três etapas nomeadamente: PPI para a observação física do
centro em 2009 no centro de AEA de Micolene; as PPII com objectivo de observar
aulas e as PPIII para assistência, planificação e leccionação de aulas (estas
últimas no Centro de AEA São João de Deus). Foi durante as PPII e PPIII que se
observou um bom exemplo de relação entre o educador e educandos na sala de
aulas que suscita a seguinte questão: Como disseminar a experiência do CAEA São
João de Deus para outros centros que enfrentam problemas de mau relacionamento
entre educador e educandos? As metodologias usadas para a recolha e compilação
da informação foram: Observação (sistemática e assistemática), a entrevista
semi - estruturada e a consulta bibliográfica de autores que versam sobre o
tema. Como conclusão, aquele centro apresenta uma boa experiência que pode ser
aproveitada por outros centros que enfrentam problemas de relação entre
educador e educandos mas não é conhecida nem poderá ser aproveitada. Como
estratégias para disseminar tal experiência é preciso que: sejam convidados
centros que enfrentam problemas de mau relacionamento, a visitar aquele centro
para trocar experiência nesta matéria; os estudantes do Instituto de Formação
de Educadores de Adultos e o Curso de Educação de Adultos da UP devem visitar
aquela experiência durante a sua formação para analisar e documentá-la; e o centro
deve ser chamado pelas instituições que formam/capacitam alfabetizadores ou
educadores de adultos para moderar este tema apresentando a sua experiência;
Palavras chaves: Educandos – Educador –
Processo de Ensino e Aprendizagem - Relacionamento
Introdução
O presente relatório, com vista a
obtenção do grau de bacharel pela UP, tem como objectivo geral de Disseminar a
boa experiência educativa de relacionamento entre educador e educando no PEA e
especificamente pretende: descrever as experiências vivenciadas durante as
PP`s; Caracterizar o bom relacionamento entre educador e educandos observado; e
Propor metodologias para a disseminação da experiência para outros centros, versando
sob o tema: Relação entre educador e educandos no Processo de Ensino e
Aprendizagem tomando em conta a realidade do Centro de AEA São João de Deus na
cidade de Nampula nos anos 2010 e 2011.
As Práticas Pedagógicas observaram
três etapas nomeadamente: Observação Física no Centro de Alfabetização e
Educação de Adultos de Micolene no Bairro de Muatala na Cidade de Nampula em
2009 no Primeiro Ano; A Observação de aulas, que decorreu no Centro “São João
de Deus” no bairro de Mutauanha em 2010 no Segundo Ano; e a Observação,
Planificação e Leccionação de aulas que decorreu também no Centro “São de Deus”
no Primeiro Semestre do ano 2011, no Terceiro Ano. O tema do presente relatório
foi identificado nas Segunda e Terceira etapas das Práticas Pedagógicas que
tiveram lugar em 2010 e 2011 no centro de AEA “São João de Deus” aliada a boa
relação entre o educador e os educandos que foi possível notar tanto na sala de
aulas assim como fora dela ficando por colocar uma questão: Como disseminar a
experiência do CAEA São João de Deus para centros que enfrentam problemas de
mau relacionamento entre educador e educandos?
As metodologias de trabalho usadas
para recolher informação foram: Observação (sistemática e assistemática),
Entrevistas e a consulta bibliográfica. Enquanto a observação sistemática e
assistemática foi feita aos educandos e educador na sala de aulas com base numa
ficha de observação, por sua vez, a entrevista foi semi-estruturada feita ao
Director dos dois centros de Micolene e “São João de Deus” e finalmente a
consulta bibliográfica foi feita a obras de autores que versam sobre o tema.
Compilada a informação, o presente
relatório tem dois capítulos em que no primeiro faz a descrição das etapas das
Práticas Pedagógicas que decorreu no período 2009 a 2011, no segundo capítulo o
relatório faz uma análise e reflexão do problema levantado durante as PP`s II e
III no CAEA “São João de Deus” e no final apresenta-se uma conclusão. Em anexo,
estão as credenciais apresentadas nos centros integrados, em apêndice estão os
planos de aula produzidos e termina com a bibliografia das obras consultadas.
Como: LAKATOS & MARCONI. Técnica de Pesquisa; DIAS at all. Manual de
Práticas Pedagógicas; FERREIRA, PINA & CARMO. A Relação Educador –
Educando na perspectiva freiriana; entre outros autores.
Capítulo I
2.
2. Descrição das fases das PP`s
As
Práticas Pedagógicas observaram três fases nomeadamente: as PPI que consistiram
na Observação e integração do ambiente do centro no Primeiro Ano; as PPII
com o objectivo de fazer a observação de aulas no Segundo Ano; e as PPIII que
consistiram na Assistência, Planificação e Leccionação de aulas no Terceiro
Ano. Em todas estas fases foram acompanhadas de actividades específicas em dois
centros nomeadamente Micolene no bairro de Muatala no Primeiro Ano em 2009 e
São João de Deus no bairro de Mutauanha no Segundo e Terceiro Anos (2010 e
2011).
2.1 Práticas
Pedagógicas I
As PP`s I realizadas em 2009,
observaram duas fases nomeadamente: fase teórica e fase prática. A fase teórica
consistiu em aulas leccionadas pelo docente da cadeira de PPI na sala de aulas
e os seminários teóricos apresentados pelos grupos de trabalho criados sob a
orientação do docente, cujos temas foram:
·
Técnicas
de recolha e análise de dados nas PP`s com destaque para Observação (aspectos a
ter em conta, tipos de observação e conteúdos da observação);
·
Entrevista
(em que abordava aspectos como tipos de entrevistas, instrumentos e análise de
dados documentais) e
·
Os
métodos para análise de dados.
Apresentados e discutidos os
seminários na sala de aulas, considerou-se terem sido criadas condições para o
trabalho de campo.
A fase prática, prevista anteriormente
para o Centro de São José, realizou-se no CAEA de Micolene e nestas o trabalho
consistia em fazer a observação e registo das condições do ambiente do centro
tomando em conta os aspectos físicos, organizativo, administrativo e pedagógico
do mesmo, para depois descrevê-los num relatório de PPI, com base numa ficha de
observação produzida por uma equipa de docentes do Departamento de Ciências
Pedagógicas. (Em anexo a cópia de
credencial do grupo apresentada ao centro).
2.1.1
Observação
e integração do ambiente do centro
De
acordo o Regulamento Académico da UP:
A
observação e integração no ambiente escolar são um conjunto de actividades que
visam proporcionar ao estudante-praticante um conhecimento efectivo dos
mecanismos gerais de funcionamento das instituições escolares, tanto a nível
administrativo, quanto a nível pedagógico (Artigo 54 do Regulamento Académico
da UP)
Esta actividade teve lugar no Centro
de Alfabetização integrado e Educação de Adultos de Micolene localizado no
Bairro de Muatala, Posto Administrativo Urbano do mesmo nome, na cidade de
Nampula e tinha como objectivo apreender a realidade física. Durante esta fase,
fez-se uma análise do centro tomando em conta quatro aspectos nomeadamente:
aspecto físico, aspecto organizacional, aspecto administrativo e aspecto
pedagógico.
2.1.1.1
Descrição
física do centro de AEA de Micolene
Na componente física, o trabalho
consistia em observar apenas o aspecto físico do centro, em que foram tomados
em consideração: a localização do centro, seu historial, os espaços e
edifícios, a situação do abastecimento de água, as condições de segurança e
outras condições (a higiene, vias de acesso, equipamentos, entre outras).
a) Localização
do Centro
O Centro de Alfabetização e Educação
de Adultos de Micolene, fica localizado na zona do Popottio[1],
junto `a Igreja União Baptista de Moçambique, na Rua nº 3.021, em frente a Casa
Provincial da Cultura, Unidade Comunal Micolene, Bairro de Muatala, na cidade
de Nampula. (Em apêndice o croquim de
localização do centro)
b)
Breve
historial do centro
Segundo o responsável do centro e
alfabetizador:
O centro de AEA de Micolene funciona
desde o ano de 2003 e surge duma iniciativa minha, que pensei em criar um
centro para ajudar as pessoas que não tiveram oportunidade enquanto jovens. Depois
da sua criação, as aulas eram leccionadas debaixo de mangueira, expondo aos
educandos a todo tipo de fenómenos naturais e como consequência disso,
verificava-se a desistência de muitos educandos
Passados dois anos, houve uma
negociação com a Igreja União Baptista de Moçambique no sentido que esta
pudesse autorizar que as aulas fossem leccionadas no edifício da Igreja, visto
que esta encontra-se num quintal vedado e o que foi aceite. A partir de 2006, o
centro passou a leccionar as suas aulas no espaço da igreja e com afluência
massiva de pessoas interessadas. (VALIA, 2009, cp).
Tal como se pode depreender, o centro
surge da iniciativa de um morador local e numa primeira fase funcionou com
inúmeras dificuldades com destaque para a falta de espaço, aspecto este que foi
ultrapassado através da parceria estabelecida com a IUBM, que cedeu as suas
instalações para que durante a semana os educandos pudessem assistir as aulas
num local com condições de segurança.
c) Espaços
e Edifícios do centro
O Centro de Alfabetização e Educação
de Adultos de Micolene, funciona em instalações pertencentes `a IUBM e esta
possui um espaço com uma vedação de muro extremamente alto e um pátio enorme e
algumas construções anexas para além da capela. Neste sentido, o Centro não possui
espaços ou instalações próprias.
O edifício da Igreja, é de “construção
melhorada”[2],
constituído por: uma capela de orações, um alpendre, uma pequena casa onde
funcionam os escritórios da igreja (que se aproveita-se para guardar alguns
materiais usados pelo centro), alguns contentores e duas casas de banho de
construção precária[3] das
quais uma para as mulheres e outra para os homens construídas pela igreja mas
que não incluem latrinas. Os alfabetizandos assistem as aulas em 3 locais
nomeadamente: nas duas varandas laterais da Capela e no alpendre, mas estes
locais não estão revestidos de argamassa, nem existem carteiras para os
educandos e os educadores usam cadeiras pertencentes `a igreja durante as
aulas.
d) Abastecimento
de Água e Energia no centro
No centro existe uma fonte de
abastecimento de água potável que pertence `a igreja e os alfabetizandos no
período em que lá estão, têm acesso a fonte. A energia de rede nacional ligada,
não beneficia directamente os alfabetizandos do centro, uma vez que as aulas
decorrem durante o período diurno e para tal, não tem havido necessidade para
recorrer a energia.
e) Condições
de segurança da IUBM
A Igreja União Baptista de Moçambique,
onde funciona o CAEA de Micolene, está cercada de um muro de vedação de cerca de
2 m de altura numa área de cerca de 2.500 m quadrados.
O muro da referida igreja, possui um
portão que durante muito tempo permanece fechado enquanto os alfabetizandos
estiverem no quintal e para o período nocturno está afecto um guarda que foi
contratado pela igreja.
f) Outras
condições do centro
O local onde funciona o Centro, tem
uma boa aparência com condições aceitáveis de higiene e limpeza mas as
condições em que os educandos assistem as aulas não são boas, uma vez que se
sentam no chão num espaço sem argamassa nem carteiras e mesmo tratando-se de
uma sombra.
O centro está bem localizado, com
facilidade de via de acesso até ao local mas um aspecto que merece reparo é
pelo que embora esteja localizado num espaço que não é da sua pertença, dentro
de um muro alto que não facilita o acesso por qualquer pessoa que não seja
crente ou educando, não existe uma placa de indicação da existência do tal
centro naquele local. No centro não existe um jardim nem um outro espaço de
recreação.
1.1.1.2 Descrição da área Organizacional do Centro de
Micolene
A organização e gestão da educação em
geral e da escola em particular, é um aspecto que chama atenção sobre os
diferentes componentes dentro da escola sobre tudo aspectos de planificação,
execução, controlo e avaliação do processo educativo tendo em vista a
participação de todos os envolvidos.
(...) Gestão Educacional, entendida numa
perspectiva democrática, que integre as diversas actuações e funções do
trabalho pedagógico e dos processos educativos, especialmente no que se refere
ao planejamento, à administração, à coordenação, ao acompanhamento, à
supervisão, à inspecção, à orientação educacional e à avaliação em contextos
escolares e não-escolares e nos sistemas de ensino e ao estudo e participação
na formulação, implementação e avaliação de educação’ (ANFOPE apud MARQUES)
Nesta
área organizacional, faz-se descrição sobre os planos (gerais e sectoriais)
existentes no centro, sobre os regulamentos de avaliação, a gestão de
instruções e despachos, os planos de estudo concebidos pelo centro, o estatuto
do professor e o estado de conservação dos livros de turma.
a)
Plano geral do Centro e Planos
sectoriais de AEA
Entende-se como sendo o plano, um dos
instrumentos da organização escolar.
O Plano da escola é um plano pedagógico e
administrativo da unidade escolar, onde se explicita a concepção pedagógica do
corpo docente, as bases teórica metodológica da organização didáctica, a
contextualização social, económica, política e cultural da escola,
caracterização da clientela escolar, os objectivos educacionais gerais, a
estrutura curricular, as directrizes metodológicas gerais, o sistema de
avaliação do plano, estrutura organizacional e administrativa (LIBÂNEO,
1994:230)
Partindo deste pressuposto de que o
processo de planificação escolar conduz a concepção de um plano da mesma, sendo
uma tarefa docente que inclui tanto actividades didácticas em termos de sua
organização e coordenação em face dos objectivos propostos, quanto a sua
revisão e adequação no decorrer do Processo de Ensino.
O CAEA de Micolene mesmo com estes
princípios, não possui um plano geral que visa orientar o processo educacional
ao nível do centro. Os alfabetizadores guiam-se em planos elaborados ao nível
dos SEJT da cidade de Nampula, que orientam de forma geral sobre o processo de
Educação e Alfabetização de Adultos e Jovens.
b) Regulamento
de avaliação do centro
Avaliação é uma componente do
processo de ensino e aprendizagem que visa verificar e qualificar os resultados
obtidos, determinar a correspondências desses com objectivos propostos e daí
orientar a tomada de decisões em relação as actividades didácticas seguintes
(LUCKESI apud LIBÂNEO: 1994:196).
A actividade de avaliação dos
alfabetizandos tem sido realizada no centro mas com maior ênfase para a
classificação mas não existe nenhum regulamento concebido ao nível local, que
define os objectivos da avaliação e propõe os respectivos instrumentos.
c) Instruções
de despachos no centro
As instruções dos despachos
ministeriais na área de educação, constituem as decisões ou linhas de
orientação dos Ministérios de tutela sobre como deve funcionar o processo de
educação no País. Estas instruções são direccionadas `as instituições de ensino
para a sua implementação ou aplicação.
Neste centro, não existem
estes instrumentos através dos quais os educadores devem fazer consulta para se guiarem no cumprimento da visão do governo sobre o
processo de educação e alfabetização naquele centro, mas percebe-se que há
circulares emitidos pelos SEJT da cidade de Nampula sobre como deve funcionar o
processo de educação e alfabetização.
d) Planos
de Estudo e Circulares do centro
No que se refere a estes
instrumentos, não existe um plano de estudo concebido pelo centro se não as
orientações gerais sobre o processo de alfabetização. O processo de
planificação no centro, não é implementado e as actividades decorrem de forma “
Had Hoc[4]”.
Ao nível do centro não são fixadas circulares do Ministérios visto que não
existe uma vitrina e as informações são transmitidas oralmente tanto aos
educadores assim como aos educandos.
e) Estatuto
do professor/educador
O professor/educador é o indivíduo que
no PEA tem a tarefa de preparar, mediar a transmissão dos conteúdos e posterior
avaliação. Os educadores deste centro são todos voluntários que desempenham a
função de alfabetizadores e é a eles cabe a tarefa de preparar, mediar e
avaliar os conteúdos. No centro não existem exemplares do estatuto do
professor.
f) Uso
e conservação dos livros de turma
O Centro possui no total 3 turmas e
todas possuem livros de turma que servem para fazer a marcação de presenças e o
registo de sumários de cada aula leccionada pelos alfabetizadores/educadores.
Os livros estão em bom estado de conservação e estão na responsabilidade do
responsável do centro em coordenação com os alfabetizadores e chefes das
turmas.
1.2.2.3Descrição da área Pedagógica
do Centro de Micolene
Nesta área foram verificados e
analisados os trabalhos relativos a área pedagógica que incluem classes, ciclos
e grupos de disciplinas do centro, os mapas estatísticos dos educandos, o
pessoal docente do centro, os horários de aulas, a organização das turmas, o
aproveitamento pedagógico dos educandos, os processo de exames e o
funcionamento de biblioteca no centro que a seguir são descritos.
a)
Planos de estudo das classes,
Ciclos e Grupos de Disciplinas
Embora se coloque a relevância e
importância do processo da planificação no PEA, neste centro não existe cultura
de planificação e sistematização das actividades dos alfabetizadores. Não
existem planos concebidos para cada nível de ensino mas sim os alfabetizadores
usam os manuais na sala de aula.
Neste centro, as aulas são leccionadas
em dois ciclos: Alfabetização ( I e II ano ) nas disciplinas de Matemática e
Português e Pós Alfabetização ( III ano)
nas disciplinas de Português, Matemática e Ciências Naturais. Não há grupos de
disciplina a funcionar no centro sendo que cada educador é responsável por
todas as disciplinas leccionadas na sua turma.
b)
Mapas estatísticos dos
educandos
Em todos os anos são preenchidos
matrizes de mapas estatísticos fornecidas pelos SEJT da cidade de Nampula, mas
devido a falta de um arquivo do centro para guardar a documentação, não existe
uma base de dados sobre os mesmos. Para o ano de 2009, o centro lecciona aulas
do segundo e terceiro anos apenas com um universo de 77 alfabetizandos e
destes, 37 foram do II Ano numa turma única e 40 do III Ano subdivididos em
duas turmas.
c)
Pessoal docente no centro.
Segundo o responsável do centro,
existem 3 alfabetizadores voluntários e todos sem formação Psico-pedagógica.
Destes, um lecciona uma turma do II ano e dois leccionam duas turmas do III Ano
na qual o responsável do centro é um dos alfabetizadores. A tabela abaixo,
indica o número total dos alfabetizadores do centro por sexo, a formação
académica e Psico-pedagógica.
Tabela
1: Número
total de alfabetizadores do centro
Alfabetizadores
|
Total
|
Nível
académico
|
Formação
Psico pedagógica
|
||||
Elementares
|
Básico
|
Médio
|
Sim
|
Não
|
|||
Sexo
|
Masculino
|
02
|
00
|
02
|
00
|
00
|
02
|
Feminino
|
01
|
01
|
00
|
00
|
00
|
01
|
|
Total
|
03
|
01
|
02
|
00
|
00
|
03
|
Fonte: Mapa estatístico 2009
Constata-se a partir da tabela que dos
3 alfabetizadores, dois são homens com nível básico e uma mulher com o nível
elementar do SNE. Mesmo assim, nenhum deles teve uma formação Psico-pedagógico
para o exercício da actividade. Não existem grupos de disciplinas visto que
cada alfabetizador é responsável por uma turma com duas ou três disciplinas
diferentes.
d)
Horários de aulas no centro
Desde a sua criação o CAEA de Micolene
lecciona as aulas em um turno apenas do I ao III Anos, mas em 2009, devido ao
número reduzido de candidatos inscritos para o I Ano, estes foram integrados no
II Ano em uma turma única (VALIA, 2009, cp).
Existem horários mas estes não foi
possível ter acesso uma vez que depois de tanto solicitar, o responsável do
centro não disponibilizou e segundo o responsável do centro, as aulas decorrem
em um período apenas das 13:30h as 15:30h
e)
Organização das turmas no
centro
No centro existem uma turma do II ano
que surge como resultado da fusão entre
os alfabetizandos inscritos para o I e II ano em 2009 e duas turmas do III ano
leccionadas por dois alfabetizadores.
f) Função
do Director de Turma.
O Director de turma para além de ser alfabetizador, é o
intermediário entre o Responsável do Centro e os alfabetizandos. Dirige os
encontros com os alfabetizandos na sala de aula e por sua vez sob a orientação
do responsável do centro transmite as informações deste aos alunos sobre o
funcionamento do centro.
g) Aproveitamento
pedagógico dos educandos
Não foi possível ter acesso ao mapa de
aproveitamento pedagógico do ano 2008 mas existe uma informação segundo a qual
em 2007 dos 62 alfabetizandos do II ano submetidos a avaliação, 56 tiveram
positiva e dos 43 alfabetizandos avaliados do III ano, 38 tiveram positiva,
fazendo uma percentagem de 89% de aproveitamento pedagógico. (Em anexo o mapa de aproveitamento
pedagógico de 2007)
h) Processo
de exames no centro.
Os exames são realizados no respectivo
centro no final de cada ano lectivo aos educandos do 3º Ano. O responsável do
centro em coordenação com os SEJT da Cidade de Nampula, organiza todo o
processo de preparação. Durante a fase de realização de exames, o centro recebe
alfabetizadores de outros centros para constituir o júri e no final, os membros
preenchem um formulário de acta de realização de exames que depois é enviada
`aos SEJT da Cidade e uma cópia fica no centro.
i)
Uso de biblioteca no centro
A biblioteca é considerada um dos mais antigos sistemas de informação
existentes na história da humanidade, é considerada pólo de irradiação cultural
de grande significação. Inerente à sua própria condição, tem o papel de motivar
o leitor para o livro e a leitura. O Centro de AEA de Micolene
não possui biblioteca e segundo o responsável do centro, esta faz falta ao
centro visto poderia auxiliar o processo de aprendizagem dos alfabetizandos.
1.2.2.4 Descrição da área
administrativa do Centro de Micolene
Nesta área faz-se descrição da
área que tem por atribuição fazer a gestão dos recursos (humanos, materiais e
financeiros) e no presente relatório analisa-se a organização dos processos dos
funcionários e educandos, a organização do arquivo, o processo de inventariação
e actualização do património do centro (bens moveis e imóveis), a organização
do processo de contas, a organização do processo de matrículas incluindo as
outras sessões do centro.
a) Processos
dos funcionários e dos educandos.
Neste centro não existem funcionários
e os alfabetizandos voluntários que trabalham no centro não possuem processos
apenas contrato com os SEJT.
Os processos dos educandos estão
arquivados na casa do responsável do centro visto que o espaço que a igreja
disponibiliza para deixar alguns materiais não oferece muita segurança. A falta
de segurança deve-se ao facto de ser da responsabilidade da Igreja no qual
entra maior número de pessoas fora do centro.
b) Organização
do arquivo do centro
Tomando em conta que o arquivo é o
espaço que serve para o controlo e a gestão do expediente de uma dada
instituição ou organização, no CAEA de Micolene, não existe uma secretaria ou
um sector que faça a gestão do arquivo do centro aliada a falta de mobiliário,
nem pastas de arquivo que facilite a conservação os documentos.
Todo o expediente que entra no centro
o responsável leva pessoalmente para casa e comunica aos colegas porque no
centro não se pode deixar, visto que não pertence ao centro mas sim a igreja,
sendo assim, é o responsável do centro que gere os documentos do centro e
qualquer pessoa que quiser ter acesso deve fala com o mesmo.
c)
Inventariação dos bens móveis
e imóveis do centro
O centro não possui bens dignos de
registo e os únicos bens resumem-se em 6 quadros pretos que são usados durante
as aulas. Os bens imóveis são da pertença da Igreja. A aquisição dos quadros
por exemplo, foi feita de forma aleatória com base no dinheiro das matrículas e
não se realizam abates.
d)
Organização do processo de
contas do centro
Neste centro não foram criados
sectores nos quais devia incluir o da contabilidade, mesmo assim o centro faz a
colecta de dinheiro proveniente das matrículas e do pagamento de certificados.
Este dinheiro é recolhido pelo responsável do centro e depois é dado o devido
encaminhamento `aos SEJT da cidade ou aquisição de alguns materiais necessários
para o funcionamento. O centro não possui nenhuma conta bancária para o
depósito de valores.
e)
Organização do processo de
matrículas dos educandos
As matrículas decorrem no início de
cada ano lectivo e neste período, o responsável do centro em coordenação com
alguns alfabetizadores, fazem a inscrição dos candidatos mediante um pagamento
de um valor a ser estabelecido pelos
SEJT da cidade que depois é canalizado para esta.
f)
Outras secções do centro
O centro possui duas equipas de
futebol onze das quais uma masculina e outra feminina, que integram jovens da
escola e interessados fora da escola, treinadas responsável do centro. As
secções de treino decorrem 3 vezes por semana (segundas-feiras, quartas-feiras
e sextas-feiras) e esta compete com outras equipas em finais de semana ou
feriados.
1.1.2 Constatações e
recomendações das PPI
As Práticas Pedagógicas realizadas
pelo estudante no CAEA de Micolene situado no bairro de Muatala, permitiu
apreender a realidade do centro, examinar e compreender o PEA através de um
contacto directo entre o estudante e a realidade do centro.
1.1.2.1 Constatações
As constatações levantadas de acordo
os aspectos observados nesta fase são:
·
O
centro funciona em instalações emprestadas pela IUBM sem condições para
decorrer o PEA aliada a falta de salas de aulas, mobiliários entre vários
outros;
·
Não
existe documentação de consulta como: Estatuto do Professor, regulamentos que
orientem o processo de avaliação, manuais ou cópias de legislação do sector de
alfabetização entre outros;
·
Os
educadores não elaboram planos de aulas e isso faz com que as aulas decorram
sem que sejam definidos os objectivos que se pretendem alcançar, aliada a falta
de formação psicopedagógica dos mesmos; e
·
Há
falta de um arquivo para a gestão da documentação do centro.
1.1.2.2 Recomendações
De acordo as constatações
feitas acima, importa fazer as seguintes recomendações:
·
A
Direcção do centro deve identificar a médio prazo, um espaço próprio em
coordenação com as autoridades municipais locais ou da igreja para a construção
de instalações próprias;
·
A
Direcção do centro deve solicitar dos SEJT da cidade de Nampula, manuais ou
cópias de estatutos do professor, regulamentos de avaliação, despachos do
Ministério da Educação e outra documentação relevante para consulta e organizar
secções de estudo dos mesmos com os alfabetizadores;
·
O
SEJT da cidade deve incluir nos seus planos de capacitação psicopedagógica, os
alfabetizadores daquele centro; e
·
O
centro deve coordenar com a IUBM para encontrar um espaço dentro da igreja para
guardar alguns documentos importantes do centro.
1.3
Práticas
Pedagógicas II
As PP`s II tiveram lugar em 2010 e
estas foram subdivididas em duas fases: fase teórica e fase prática. A fase
teórica aconteceu na sala de aulas junto a UP, nesta o docente e supervisor da
cadeira orientou a preparação e apresentação de seminários teóricos em grupos
com os seguintes temas:
Tabela
2: Temas dos
seminários apresentados na sala de aula durante as PPII.
Nome do
Grupo
|
Tema
|
A
|
Objectivos
do Processo de Ensino e Aprendizagem
|
B
|
Instrumentos
de recolha de dados
|
C
|
Métodos
de Ensino e Aprendizagem
|
D
|
Meios
e Recursos de Ensino e aprendizagem
|
E
|
A
Planificação do Processo de Ensino e Aprendizagem
|
F
|
Avaliação
do Processo de Ensino e Aprendizagem
|
G
|
Relação
Educando vs Educador no Processo de Ensino e Aprendizagem
|
Fonte:
Adaptado do
autor
Os temas apresentados tinham o
objectivo de levar aos estudantes a uma reflexão aprofundada sobre o PEA, com
vista a estabelecer uma melhor articulação entre a teoria e a prática nos
centros integrados.
A parte prática teve lugar no
Centro de AEA “São João de Deus” no Bairro de Mutauanha e tinha em vista fazer
a observação de aulas e o preenchimento de ficha de observação disponibilizada
pelo supervisor.
1.3.1 Observação de aulas no centro
A observação de aulas teve lugar no
Centro de AEA São João de Deus (salas anexas da Escola Itália) no Bairro de
Mutauanha, Posto Administrativo Urbano de Muatala na cidade de Nampula. Nestas
a observação recaiu sobre as aulas dadas pelo tutor, desde a planificação até a
avaliação. Abaixo abordam-se sobre os objectivos e critérios de observação e as
técnicas e instrumentos de recolha de dados usados para além de descrever: o
perfil dos educadores, a organização da turma, o programa do 3º Ano, a
dosificação e planos de aula elaborados pelos educadores, o aproveitamento
pedagógico da turma observada, a estrutura e organização das aulas e os
momentos das aulas observadas.
1.2.1.1 Objectivos e critérios
de observação de aulas
A observação naquele centro
tinha como objectivo conhecer situações concretas de ensino e aprendizagem,
verificando como é que o educador faz a gestão do tempo de aula, como controla
a disciplina na sala de aula, como usa o material didáctico, como avalia o
Processo de Ensino e Aprendizagem.
O critério usado foi observar
o decurso das aulas na sala, na presença do educador, no âmbito do seu trabalho
normal e durante a observação a tarefa dos praticantes limitava-se em observar
as aulas, preencher a ficha de observação e questionar fora da sala de aula ao
educador sobre alguns aspectos da aula.
Também foram mantidos contactos com a Direcção
pedagógica do centro integrado para solicitar alguns dados relevantes ou mesmo
documento para levantar informações que não foram possíveis de encontrar na
sala de aula como por exemplo os mapas estatístico, o aproveitamento pedagógico
do ano anterior entre outros.
1.2.1.2 Técnicas e instrumentos de recolha de dados.
Segundo LAKATOS e MARCONI (1996: 79), “ A observação é uma técnica de recolha
de dados para conseguir informações e utiliza os órgãos de sentidos na obtenção
de determinados aspectos da realidade.”
A entrevista é uma conversa entre um
entrevistador e um entrevistado que tem por objectivo extrair determinada
informação do entrevistado (Ibid)
Partindo de princípio de que a observação e a
entrevista são técnicas de recolha de dados, durante a observação foram
privilegiadas estas duas técnicas com o objectivo de recolher dados sobre o
decurso de aulas.
Para auxiliar a observação no
centro, foi usada uma ficha de recolha de dados produzida por equipa de
docentes do Departamento de Ciências Pedagógicas e entrevista semi -
estruturada com o responsável do centro, o dr. Adriano Boma.
1.2.1.3
Descrição do perfil dos educadores
Tomando em conta que educador e um
indivíduo que facilita o processo de ensino e aprendizagem importa buscar uma
ideia de Julius Nyerere que diz que “o Educador de Adultos é como um líder, como
um guia, uma lanterna que todos recorrerão juntos e deve possuir um perfil
próprio” (Cfr http://viveraprender.blogspot.com/2006/06/mais-uma-comunicaoo-perfil-do-educador.html)
Os educadores do centro de
Alfabetização e Educação de Adultos São João de Deus têm boa apresentação
durante as suas actividades. Na sua maioria para além da formação geral,
beneficiaram de formação psicopedagógica para o exercício da sua actividade,
pelo então Centro de Formação de Quadros de Alfabetização e Educação de Adultos
de Mutauanha, na cidade de Nampula. Exercem a sua actividade há mais três anos
e para tal acumulam muita experiência em matéria de alfabetização de jovens e
adultos. Para as turmas do 3º ano existem dois educadores dos quais um nas
salas da sede e outro nas salas anexas da escola Itália no mesmo bairro.
1.2.1.4
Organização das turmas no centro
Para que o PEA decorra de
forma satisfatória é preciso que seja antecedido por uma organização e a
organização das turmas é uma das componentes. Segundo dados referentes ao
primeiro semestre do ano 2010, nas salas anexas da Escola Itália do CAEA São
João de Deus, funcionam duas turmas das quais uma do 2º Ano e outra do 3º Ano..
1.2.1.5 Breve
descrição do programa do 3º Ano de AEA
O centro utiliza o programa de
Alfabetização e Educação de Adultos elaborado pelo governo para este
subsistema. Tal programa, 3 disciplinas anuais para o 3º Ano, nomeadamente:
Português, Matemática e Ciências Naturais em dois semestres. Terminado o ano,
os educandos aprovados deste nível de ensino, equivalem-se aos alunos graduados
da 5ª classe do SNE. É com base neste programa que os educadores se guiam na
leccionação das aulas.
1.2.1.6 Dosificação e planificação de aulas no centro
No centro de AEA são João de
Deus – Itália, os educadores fazem a dosificação e planificação das aulas que
leccionam, enquanto os planos de aula são diários e referem-se apenas as
actividades que serão realizadas durante a mesma, por sua vez a dosificação é
quinzenal. Os planos de aulas elaborados pelos educadores fazem referência as
actividades diárias dos educadores na sala de aulas. Os planos de aulas
elaborados contemplam apenas um objectivo, funções didácticas são descritas em
forma de momentos (introdução, desenvolvimento e avaliação). Em suma os planos
apresentam algumas lacunas técnicas pois não espelham todos os elementos
previstos nas bibliografias.
1.2.1.7 Aproveitamento
pedagógico da turma observada.
O aproveitamento pedagógico é
uma das componentes que ajudam a avaliar o andamento do processo de ensino e
aprendizagem.
Não foi possível obter uma
informação anual sobre o aproveitamento pedagógico mas tomando em conta o mapa
de avaliação do ano 2009 e do relatório de actividades referente ao 1º semestre
de 2010, observa-se o seguinte: em 2009 dos 29 educandos que chegaram ao final
do ano, apenas 5 não transitaram e os restantes 21 transitaram perfazendo uma
percentagem de cerca de 83% de aproveitamento pedagógico. No 1º semestre de
2010, dos 43 educandos que foram avaliados, apenas 3 tiveram negativas e os
restantes 40 tiveram aproveitamento correspondente a 93% de positivas
Partindo destes dois
documentos locais, pode-se perceber que o aproveitamento pedagógico no Centro
de AEA São João de Deus tende a ser bom visto que a maior percentagem de
educandos que têm sido submetidos a avaliação é de positivas e consequentemente
aprovações.
1.2.1.8
Observação da turma do 3º Ano
Partindo do principio de que “a sala de aula é o espaço físico em que se
realiza a interacção directa entre os sujeitos, professor e aluno” (PIMENTA
e LIMA apud DIAS et all:2008) no Centro de AEA São João de Deus – Itália, os
educandos do 3º Ano estudam em sala de construção melhorada (blocos de cimento
e cobertura de chapas de zinco), é muito espaçosa, e, as salas são maiores que
permite a maior circulação do ar, tem portas e janelas. As salas estão
equipadas de carteiras suficientes para se sentarem todos educandos e
secretárias para os educadores.
A turma era composta de cerca de 25
educandos e na sua maioria do sexo feminino com idades entre 15 a 45 anos de
idade. Muitos dos educandos ingressaram a alfabetização a partir do segundo
ano. Os educandos que frequentam as aulas mostram-se satisfeitos e continuam a
mostrar interesse embora se note repetidamente atrasos e muitas faltas
injustificadas de muitos deles.
O educador é voluntário jovem do sexo
masculino, tem o nível académico básico geral do SNE e para o exercício da
actividade de alfabetizador, beneficiou de uma capacitação psicopedagógica
através do Centro de Formação de Quadros de Alfabetização e Educação de Adultos
de Mutauanha, na cidade de Nampula, promovida pelos SEJT da cidade de Nampula.
Enquanto conduz a aula, identifica-se mais líder pois conhecendo os educandos,
usa uma voz audível, uma linguagem adequada tomando em conta o grupo alvo e
motiva os educandos para a aula para além de trazer exemplos que espelham a
realidade dos seus educandos e intercala o uso da Língua Emakhuwa para explicar
expressões ou termos de difícil percepção durante a aula.
1.2.1.9
Estrutura e organização das aulas
A aula é uma célula que representa o
todo da escola: Projecto Político-Pedagógico, o currículo, o projecto de áreas
e planeamento da disciplina (Cfr DIAS et all:2008).
Em linhas gerais a aula associa-se a
ideia dos alunos procurarem os saberes e esta é dirigida pelo educador e é
visualizada num plano de aulas.
De acordo DIAS (2008) “no acto da
elaboração de um plano de aula, o educador deve reflectir nele os seguintes
elementos: objectivos, conteúdos, competências, materiais, meios, actividades
de Ensino e aprendizagem e avaliação”.
Tomando em conta que são estes os
elementos essenciais a ter em conta a seguir analisam-se os aspectos observados
no acto da estrutura e organização, de acordo os planos de aulas.
a) Momentos
da aula previstos nos planos
De acordo o plano de aula, este privilegia 3 momentos essenciais: Introdução em que o educador pretende situar os alunos no conteúdo a ser explorado na aula o educador saúda os educandos, corrige o TPC do dia anterior no final fala do tema da aula e da sua importância; Desenvolvimento que constitui a etapa da aula propriamente dita em que o educador apresenta os tópicos considerando os objectivos da aula, usa diversos recursos e o conteúdo principal ocupa a maior parte do tempo da aula; e Verificação em que o educador analisa os objectivos em relação ao que foi apresentado no desenvolvimento e é o espaço para mais ponderações, discussões, e colocação de opiniões. Neste momento no final o educador marca TPC mas que os educandos resolvam em casa.
b)
Objectivos das aulas previstos
nos planos
O objectivo constitui aquilo que na
verdade se pretende atingir com qualquer acção.
Chama-se objectivo,
a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa
actividade e estes nascem da própria situação: da comunidade, da família, da
escola, da disciplina, do professor e principalmente do aluno pois estes são
sempre do aluno para aluno PILETTI (1996:65)
Na turma observada, o educador define
apenas um objectivo a ser alcançado ao fim da aula planificada de uma forma
genérica, não respeitando deste modo a Taxonomia de Bloom que refere a
necessidade de se tomar em conta na formulação dos objectivos 3 aspectos
nomeadamente: cognitivo, afectivo e psicomotor.
c) Conteúdos
da aula previstos nos planos
Sabe-se que é através dos conteúdos
que são concretizados os objectivos. Segundo (LIBÂNEO, 1994) “Conteúdo de
ensino é o conjunto de habilidades, conhecimentos, hábitos, modos valorativos e
atitudinais de actuação social, organizados didacticamente e pedagogicamente,
tendo em vista a assimilação e aplicação pelos alunos na sua prática de vida”
Nas aulas observadas, o educador
apresenta os conteúdos no acto da planificação e na sala de aula os passa aos
educandos, distribuídos pelos três momentos da aula.
d)
Métodos e estratégias de
ensino usados pelo educador
Os métodos de ensino são acções,
processos ou comportamentos planificados pelos educador/professor, para colocar
o educador/aluno em contacto directo com as coisas, factos ou fenómenos que
lhes possibilitem modificar a sua conduta, em função dos objectivos previstos
(Cfr DIAS et all:2008).
Partindo desta mesma visão e de acordo
o observado, o educador usa métodos de ensino nos quais se destacam: método
expositivo durante a aula; método de elaboração conjunta na introdução e
durante o desenvolvimento da aula e método de trabalho independente na
resolução de exercício.
e)
Funções didácticas usadas
durante a aula
Funções didácticas são etapas que
ocorrem no processo de ensino aprendizagem e estas estão estruturadas e
sistematizadas das quais se destacam: Introdução/Motivação,
Domínio/Consolidação e Controle/Avaliação. Cada fase de uma aula corresponde a
uma só função didáctica dominante, embora nesta mesma fase se regista o envolvimento
das restantes, com o fim elas assegurarem a eficiência da assimilação da
matéria. Cada função didáctica, como momento ou passo da aula que reflecte as
regularidades do processo de ensino aprendizagem, é proposto o tempo da sua
duração, conteúdo, método dominante, conjuntos de meios e formas de ensino a
utilizar inclusive as actividades concretas dos alunos (Cfr Bonnet et
all:2007).
Nos planos observados do educador, não
segue esta sequência lógica das funções didácticas resumindo-se apenas em motivação,
desenvolvimento e verificação. Pode-se considerar que estes elementos do plano
desempenham as tais funções mas a dado passo durante a aula é notório que
faltam muitos aspectos a abordar em função do que as teorias fazem referência.
f) Materiais
didácticos usados pelo educador
Igualmente o educador faz uma previsão
de matéria mas não especificamente para cada função didáctica mas sim na
generalidade. Por esta falta de distribuição na previsão do material em cada
função didáctica torna-se difícil perceber em que função se usa cada um dos
materiais previstos.
g) Avaliação
durante a aula
A avaliação é um processo que deve-se
ter em conta no PEA pois é através desta que se faz análise do grau de alcance
de objectivos, da eficiência e eficácia dos métodos entre outros.
Partindo da visão de PILETTI de que:
A avaliação é processo que se usa para
determinar o grau e a quantidade de resultados alcançados em relação aos
objectivos, considerando o contexto das condições em que o trabalho foi
desenvolvido, a avaliação que o grupo observou foi do tipo formativa em que no
final da aula, o educador levantava questões para avaliar o nível de percepção
da matéria dada. Para além desta mas não com maior relevância o educador fazia
avaliação diagnóstica no início do tema para explorar o nível de conhecimento
dos educandos (Piletti, 2004).
Neste centro o meio que o
educador usa para avaliar os seus educandos durante a aula, é através de
perguntas individualizadas para medir o nível de compreensão dos seus
educandos, corrigindo exercícios dos educandos procuram sempre detectar
dificuldades para possível superação, e o seu nível de trabalho aceitável. O
educador explicou no plano do centro estão planificadas avaliações sumativas.
h) Relação
entre educador e educandos na sala de aula
A relação professor aluno ou educador
e educando, deve ser caracterizada por uma reciprocidade dinâmica apesar de
diferentes papéis, embora muitas vezes, essa relação apresentar-se
contraditória tomando em conta os interesses que são ultrapassados pela
dialéctica do professor. Com métodos próprios, a interacção educador vs
educando favorece o ensino dinâmico, coerente, sustentável e democrático.
Na sala observada, foi notório o bom
relacionamento entre o educando e os educadores embora este ser mais novo que a
maioria dos educandos. O educador sempre procura não impor mas manter uma
relação de cooperação, de respeito e de crescimento.
Os métodos mais usados pelo educador
para promover interacção entre os educandos são os trabalhos em grupo, debates
e elaboração conjunta. A relação pode ser visível na medida em que através do
diálogo o educador mantêm silêncio na sala de aula, chama atenção aos educandos
e por sua vez o educador esclarece as dúvidas e promove um ambiente de harmonia
entre ambos o que deixa estes confiantes.
A relação entre educador com
seus educandos, na sala de aula ou fora da sala de aula, referente ao modo de
comunicação entre ambos, aos aspectos efectivos – emocionais e a dinâmica da
manifestação faz entender que existem boas relações entre eles, mas também,
nota-se boa colaboração entre os educadores e os educandos tanto dentro como
fora da sala de aula, que da boa impressão de um ambiente favorável respeitoso,
boa conduta e prudência neste centro.
i) Observações
gerais e avaliação das aulas observadas na sala
De uma forma geral, o Centro de AEA
“São João de Deus” cuja tem salas anexas na Escola Itália, está organizado.
Possui uma estrutura funcional com pessoal, infra-estruturas propícias para o
decurso de um processo e aprendizagem.
Os educadores para além da formação
académica, possuem formação psicopedagógica para o exercício da sua actividade
o que lhes facilita a condução do PEA embora serem voluntários.
Nas aulas observadas foi possível
perceber que os educadores planificam as aulas, implementam os seus planos na
sala de aula e avaliam. Na sala de aulas os educadores funcionam como líderes
do processo e mantêm uma relação de convivência muito boa com os seus educandos
embora com a diferença de idade.
Os educandos colaboram na medida em
que mesmo com dificuldades para retenção das matérias fazem o esforço e aquilo
que não sabem recorrem ao educador no qual este está sempre atento e disponível
para ajudar e esclarecer.
1.3.2
Constatações
e recomendações das PPII
No centro integrado em que realizaram
as PPII e na turma observada em particular tem condições para o funcionamento
pleno de um processo de alfabetização de jovens e adultos como por exemplo:
infra-estruturas, equipamentos, pessoal qualificado para o exercício da
actividade entre outros. De acordo as observações feitas durante as PPII, a
seguir apresentam-se algumas constatações e recomendações:
1.2.2.1 Constatações
As grandes constatações levantadas
são:
·
Nota-se
um aspecto de relacionamento muito louvável entre o educador e os educandos e
educandos entre si na sala de aula, como consequência desenvolve-se um bom
ambiente para aprendizagem em que o próprio educador está sempre disponível
para apoiar os seus educandos;
·
Ainda
nota-se alguns problemas de natureza técnica dos educadores ligados a
planificação de aulas como: a integração lógica de todos os elementos de um
plano de aulas, a previsão dos conteúdos de acordo as funções didácticas, a
disponibilidade ou o uso de recursos de ensino com a base a realidade dos
educandos entre outros; e
·
Nos
educandos observa-se a situação de atrasos e faltas injustificadas de alguns
deles, embora tenham vontade pois depois de muito tempo sempre voltam ao centro
para continuar com as aulas.
1.2.2.2 Recomendações
Como recomendações importa destacar:
·
Necessidade
das instituições investigação e de ensino ligadas a educação de adultos
documentar e disseminar esta experiência de bom relacionamento entre educador e
educandos para outros centros;
·
A
necessidade de submeter aos educadores aos programas de capacitação ou
reciclagem contínua dos alfabetizadores em matéria de elaboração de planos de
aulas, como forma de adequá-los a nova realidade.
·
Continuar
com programas de consciencialização aos educandos sobre a importância da
alfabetização e educação de adultos e ainda a necessidade de revisão sobre a
relevância dos conteúdos e dos métodos utilizados no centro.
1.3 Práticas Pedagógicas III
A PPIII, tiveram como foco a
assistência, a planificação e a leccionação de aulas, que tiveram lugar no CAEA
“São João de Deus, no Bairro de Mutauanha, no Primeiro Semestre do 3º Ano em
2011. (Em anexo a credencial e lista dos
membros apresentada).
1.3.1 Assistência, Planificação e Leccionação de
aulas
Esta etapa incluiu duas fases: fase
teórica e fase prática. A fase teórica de acordo o
programa apresentado pelos
supervisores, privilegiava a preparação e apresentação de seminários de acordo o demonstrado na tabela
abixo:
Tabela
3: Temas dos
seminários apresentados na sala de aula nas PPIII
Nome do
Grupo
|
Tema
|
1º Grupo
|
Análise
do Programa do 3º Ano da Disciplina de Ciências Naturais
|
2º Grupo
|
Elaboração
de um Plano de aula da Disciplina de Português
|
3º Grupo
|
Reflexão
sobre os métodos didácticos aplicáveis da aprendizagem de adultos
|
4º Grupo
|
Avaliação
do Processo de Ensino e Aprendizagem de Adultos
|
5º Grupo
|
Sistema
Nacional de Educação: Princípios, Estrutura, Subsistemas e Funções
|
6º Grupo
|
Análise
do papel do educador na aprendizagem de adultos
|
7 Grupo
|
Relação
entre Centro de AEA e a Comunidade onde está inserido
|
Fonte:
Adaptado do
autor
Feita a compilação da informação sobre
os temas propostos, não foi possível a apresentação dos mesmos em seminário,
devido a agenda da equipa dos docentes da cadeira.
A fase prática decorreu no centro de
AEA “São João de Deus” e nesta foram realizadas actividades como: assistência
de aulas dadas pelo tutor, a planificação e leccionação de aulas.
1.3.1.1 Assistência as aulas na sala
A semelhança da segunda etapa, a
assistência de aulas teve lugar no Centro de AEA “São João de Deus” (salas
anexas da Itália) no bairro de Mutauanha, na turma do 3º Ano. Nestas a
observação recaiu sobre as aulas dadas pelo tutor, desde a planificação até a
avaliação.
De acordo as aulas observadas durante
as Práticas Pedagógicas no Centro de AEA foi possível constatar que ainda
verificam-se dificuldades na elaboração dos planos de aula e esta é feita
individualmente pelo educador e sendo assim o processo de planificação de aulas
é feito de forma deficitária, isto é, o educador não apresenta todos os
elementos exigíveis de acordo a bibliografia como: objectivos de acordo os três
níveis (cognitivo, afectivo e psicomotor), verifica-se repetição dos mesmos
métodos de ensino nos planos de aulas do educador aliada a falta de meios e
materiais para o efeito.
Em relação a condução da aula, o
educador demonstra um grande domínio na condução da aula, pois embora não
espelhando no plano de aula todos os elementos, o educador usa todas as funções
didácticas, demonstraram domínio da aula, usa o tempo de forma bem estruturada,
controla a sala de aula e no final faz sempre avaliação aos educandos, através
de perguntas, exercícios e trabalhos de casa.
O aspecto muito importante observado
durante a assistência de aulas, tal como nas PPII, foi a relação existente
entre educador e os educandos que foi digna de registo e uma experiência a ser
registada para depois ser disseminada pois a relação professor - aluno ou educador/educando é fundamental em
todos os níveis e modalidades de ensino porque é
através dela que o aluno/educando pode ser motivado a
construir seu conhecimento. Para
além do bom ambiente que se mantém dentro da sala de aula o que motiva a
presença contínua dos educandos, foi notório que em algum momento, os educandos
colocam ao educador preocupações extra-escolares, fora da sala de aula mantém
conversa aberta com o educador, enquanto tiverem dúvida na sala de aula os
educandos se sentem livres de questionar e o educador esclarece sem
ressentimentos. Isto faz com que alguns educandos de centros vizinhos abandonem
as suas salas para se juntarem a aquela turma observada segundo informações
colhidas por alguns educandos.
1.3.1.2 Planificação de aulas pelo
estudante praticante
Toda actividade de ensino para
a sua realização deve ser antecedida uma reflexão e análise depois colocada em
documento para a sua operacionalização depois será monitorado e avaliado e este
processo denomina-se por planificação. No PEA igualmente faz-se a planificação
para evitar rotinas e improvisos, contribuir para a realização dos objectivos
previstos para a eficiência do ensino e garantir maior eficiência na direcção
do ensino e economiza tempo.
Segundo PILLETI (2004:72) “Plano
de aula, é a sequencia de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia lectivo. É
a especificação de comportamentos esperados do aluno e dos meios – conteúdos,
procedimentos e recursos – que serão utilizados para a sua realização”.
Tomando em conta a PPIII, disciplina e
actividade curricular que visa colocar em contacto directo com a realidade
profissional do curso, proporcionando novas aprendizagem, treino e consolidação
de aquisições, troca de experiencia com colegas em exercício das suas funções
docente-educativas, através da tutoria e da ligação entre a teoria e a pratica
a planificação e execução de aulas decorreu no centro integrado e foi feita
pelo estudante para três aulas -duas na disciplina de Matemática e uma na
disciplina de Ciências Naturais.
Nos planos de aula elaborados, os
praticantes deviam espelhar todos os elementos de um plano de aula
nomeadamente: objectivos, os conteúdos, as competências, os materiais, as
metodologias, os meios, as actividades de ensino e aprendizagem e a avaliação. (Em apêndice os planos de aula elaborados
pelo estudante)
1.3.1.3 Leccionação de aulas
na sala
Elaborados os Planos, o estudante
leccionou as seguintes aulas durante as PPIII:
- No dia 3 de Maio na disciplina de Matemática com o tema: Divisão de números naturais com dois algarismos;
- No dia 17 de Maio na disciplina de Ciências Naturais com o tema: Parques e Reservas de Moçambique; e
- No dia 31 de Maio na disciplina de Matemática com o tema: Figuras Planas.
Uma observação a ter em conta foi de
que na aula dada de ciências naturais de acordo a realidade e ao material
produzido pelo praticante (que foi o mapa de Moçambique), o estudante viu-se
obrigado a mudar de metodologia de trabalho adoptando trabalho em grupo.
Leccionadas as aulas e de acordo a
avaliação feita pelo tutor e pelo outros colegas, constatou-se que o estudante
conseguiu transmitir os conteúdos planificados e com segurança tendo seguido
todos procedimentos exigidos para a condução de uma aula.
1.3.2 Constatações e
recomendações das PPIII
A fase de assistência, planificação e
leccionação de aulas, foi a mais avançada de todo o período de Práticas
Pedagógicas pois nestas, permitiu manter o contacto permanente na sala de aulas
e com os educandos e as principais constatações e recomendações a ter em conta
durante as PP`s III são as descritas abaixo.
1.3.2.1 Constatações
As principais constatações feitas
durante as PPIII são:
·
A
semelhança do que se verificou nas PPII, durante a observação nas PP III,
notou-se que ainda se matem a boa relação entre educador e educandos e educandos entre si na sala de aula, e de
alguma maneira facilitou o trabalho dos estudantes praticantes na leccionação
de aulas;
·
Ainda
se mantém a dificuldade do educador na elaboração de Planos de aulas com a
integração de todos elementos exigidos pela literatura;
·
O
aspecto de atraso na entrada da sala de aulas ainda mantém-se contrariamente a
faltas injustificadas que tendem a melhorar.
·
Os
estudantes praticantes apoiaram na elaboração de Planos de aulas com todos os
elementos recomendados pela literatura e deixaram exemplares no centro.
1.3.2.2 Recomendações
De acordo as constatações, as
principais recomendações a fazer são:
·
As
instituições de formação e os SEJT da cidade de Nampula, devem documentar esta
experiência, para depois divulgar a outros níveis;
·
Promover
programas de capacitação ou reciclagem contínua dos alfabetizadores para a
actualização dos conhecimentos técnicos e pedagógicos sobre tudo no tocante a
estruturação de um plano de aula tomando em conta o tempo de cada aula que deve
ser de uma hora.
·
O
A Direcção do centro deve orientar aos educadores a fazerem o uso dos planos
deixados pelos estudantes praticantes para melhora a sua planificação
Em suma, importa afirmar que nestas
três etapas das Práticas Pedagógicas permitiram ao estudante praticante, manter
contacto com a realidade dos centros integrados como resultado de actividades
curriculares articuladoras da teoria e a prática. Enquanto as PPI permitiram
manter contacto com a realidade física do centro tomando em conta a
organização, o aspecto pedagógico e administrativo; As PPII permitiram observar
como os educadores leccionam as aulas desde planificação, implementação e
avaliação das mesmas e por fim as PPIII foi a fase mais avançada de todo o
período de Práticas Pedagógicas pois nestas, permitiu manter o contacto
permanente na sala de aulas e com os educandos através da planificação e
leccionação de aulas.
Durante os três anos de PP`s, importa
destacar que houve um fraco acompanhamento dos docentes da Cadeira de Práticas
Pedagógicas aos estudantes nos centros integrados pois estes depois do trabalho
teórico na sala de aulas apenas mantiveram contacto com os estudantes no final
do trabalho de campo para as avaliações finais. Como sugestão a deixar é de que
tanto a Direcção do Curso assim como do Departamento, devem garantir aos
docentes das Cadeiras de Práticas Pedagógica para que melhorem a modalidade de
acompanhamento aos estudantes nos centros
Um aspecto que foi possível fazer
reparo está ligado a falta de reconhecimento do papel dos alfabetizadores, que
passaria pela introdução do sistema de salário, e isto desmotiva-os no
exercício pleno das suas actividades, para isso, é necessário continuar a
colocar como uma das componentes importantes no âmbito da erradicação do
analfabetismo em Moçambique, o reconhecimento do papel dos alfabetizadores.
Capitulo II
- Descrição do problema identificado e confrontação com a bibliográfica
No presente capítulo, pretende-se
fazer uma descrição de como o problema se manifesta naquele centro e analisa-se
o que bibliografia recomenda sobre a relação entre educador e educandos no
Processo de Ensino e Aprendizagem. Enquanto no primeiro ponto deste capítulo faz-se
a problematização, ou seja, a descrição do problema tomando em conta a etapa em
que identifica, as causas e as consequências, por sua vez, no segundo ponto
faz-se uma análise de conceitos de educador e educando e o tipo de relação de
se ter em conta entre educador e educandos no PEA e finalmente de forma
resumida o capítulo faz uma confrontação entre o problema e o que dizem as
teorias tomando em conta a experiência observada.
2.1. Descrição do problema levantado no local das PP`s
No decorrer
de um PEA, a relação professor - aluno ou educador - educando é fundamental em todos os
níveis e modalidades de ensino pois não há como abordar o educador sem que tenhamos
presente o educando ou vice-versa e os dois são sujeitos de um mesmo processo
pois ambos são seres humanos, configurados pelo mesmo conjunto de múltiplas
determinações, que vão desde as heranças genéticas, passando pelas relações
sócio-culturais e chegando às experiências subtis do sagrado e da
espiritualidade.
Durante o período de realização de
Práticas Pedagógicas, principalmente nas PP`s II e III no Centro de AEA São
João de Deus na cidade de Nampula, este aspecto despertou maior interesse
tomando em conta que nos nossos dias coloca-se em debate o tipo de
relacionamento desejável no PEA para os nossos educandos dos centros de
alfabetização e educação de adultos, gerando muitas das vezes uma diversidade
de opiniões a respeito deste relacionamento.
Durante os dois anos foi possível
observar uma boa prática educacional que tem a ver que a boa relação que se
desenvolve entre o educador e os educandos e vice-versa naquele centro e isto
pode se observar tanto na sala de aula em que o educador mantêm respeito para
com todos, explica as matérias e os educandos por sua vez, participam
activamente na aula, prestam maior atenção e não registam igualmente índices de
desistências às aulas. Fora da sala de aula, é frequente observar aproximação
do educador e educandos através de conversas dentro do recinto do centro e ate
para além dos assuntos escolares foi possível observar que eles têm colocado as
suas preocupações pessoais e da vida familiar ao educador e este procura sempre
dar apoio na medida do possível. No centro o educador promove e coordenada, em
casos de doença ou infelicidade de um dos educandos, visitas domiciliárias ou
de consolação aos afectados e estas são participadas pela maioria dos educados
após as aulas.
Perante este aspecto de bom
relacionamento que caracteriza o PEA no Centro de AEA São João de Deus na
cidade de Nampula há que questionar: Como disseminar a experiência do CAEA São
João de Deus para outros centros que enfrentam problemas de mau relacionamento
entre educador e educandos?
Depois de analisar tal relacionamento
naquele centro, o presente trabalho tem como objectivo geral de Disseminar a
boa experiência educativa de relacionamento entre educador e educando no PEA e
especificamente pretende: Caracterizar o bom relacionamento entre educador e
educandos observado; e propor actividades que possam ser realizadas por vários
actores para disseminação da experiência.
2.2 Confrontação entre a
bibliografia e o problema levantado
Neste ponto, o trabalho pretende reflectir
sobre o que vários teóricos apresentam sobre aquilo que se observam naquele
centro. Primeiro apresenta um conceito
sobre o educador e educando e em seguida apresenta as ideias de alguns autores
sobre como deve ser a relação entre educador e educandos num PEA para
finalmente fazer um confrontação entre o problema levantado e aquilo que
defendem as teorias.
2.2.1 Conceitos de educador e educando
A educação como acção de tirar no
educando as suas potencialidades latentes segundo orientações da sua
comunidade, ela tem o seu princípio e fim no educando e, este é despertado no
meio ambiente por um educador, que por sua vez deve se apresentar como uma
referência para a formação dos educandos.
a) Educador
Segundo AUGUSTO (1973:36)
Educador não é mais do que um ser
humano que de forma intencional consegue realizar valores noutros ou em si
mesmo, ou então, um ser que tem como função despertar potencialidades no
educando, para que este siga os meios e atinja os fins estabelecidos pela
comunidade a que está inserido.
De acordo o autor pode-se perceber que
educador como sendo um indivíduo que facilita o Processo de Ensino e
Aprendizagem.
b) Educando
Educando é o ser que participa no
processo educativo, ou seja, é indivíduo que no PEA, com ajuda do educador, tem
a tarefa de se apropriar dos valores da comunidade, assimilá-los e aceitá-los
para que seja integrado nela (Augusto,1973)
De acordo este dois conceitos pode
perceber que no processo educativo, é indispensável o binómio Educador e
educando. Não é possível que a educação ocorra sem que haja um educador ou vice-versa
e ela só pode ocorrer se os dois estiverem presentes.
2.2.2 Relação entre educador e
educando no PEA
A
relação entre o educador e educando no Processo de Ensino e Aprendizagem é um
fenómeno que vem sendo discutido em nossa sociedade de forma quotidiana, seja
em meios académicos, familiares ou pela comunicação social em várias épocas
históricas e considerando que tal relação ocupa lugar de destaque entre as
maiores preocupações pedagógicas importa compreender este fenómeno a partir da
análise de noções trabalhadas em diferentes autores.
Na
abordagem tradicional, o ensino era concentrado no educador. Neste contexto, o
aluno aprendia com programas e disciplinas externas, dos quais tinha de
adquirir conhecimentos impostos mesmo contra a sua vontade. Nesta perspectiva,
o papel do educador era garantir que o conhecimento fosse obtido, independente
do interesse e vontade do aluno pois este era apenas um mero espectador
desenvolvendo-se neste sentido uma relação de dependência exclusiva ao educador
como detentor do conhecimento (Cfr BELOTTI e FARIA:2005)
Na
actualidade vários autores consideram que no PEA é importante considerar o
educando como sujeito da sua aprendizagem e o educador não
deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na
posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador
do conhecimento mais importante que é o conhecimento da vida.
Nesta perspectiva sobre o papel do educador na relação com educando importa
buscar Freire sobre o papel do educador
O bom professor/educador é o que consegue, enquanto
fala, trazer o aluno/educando até a intimidade do movimento do seu pensamento.
Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga
de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas
e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas
incertezas (…) o professor autoritário, o professor licencioso, o professor
competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso
da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das
pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem
deixar sua marca”. (Freire,1996: 96),
Nestas linhas,
o autor deixa claro que seja qual o perfil de um educador, sempre acaba
marcando nos seus educandos tanto pela negativa ou pela positiva mas aconselha
que é importante a existência de afectividade, confiança, empatia e respeito
entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a
reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autónoma, logo, a relação entre professor
e aluno ou educador educando, depende fundamentalmente, do clima estabelecido
pelo professor ou educador, da relação empática com seus alunos ou educandos,
de sua capacidade de ouvir, reflectir e discutir o nível de compreensão dos
alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Mas ao mesmo
tempo é preciso ter em atenção que os educadores não podem permitir que os
sentimentos de afectividade, empatia, confiança e respeito interfiram no
cumprimento ético de seu dever, assim, situações diferenciadas adoptadas com um
determinado aluno (como melhorar a nota deste, para que ele não fique de
recuperação), apenas norteadas pelo factor amizade ou empatia, não deveriam
fazer parte das atitudes de um bom educador.
Piaget coloca
que a relação professor - aluno é baseada na cooperação de ambos. Assim, será
através do debate e discussão entre iguais que o processo do desenvolvimento
cognitivo se dará e o professor assumindo o papel apenas de instigador e
provocador, mantendo o clima de cooperação as consequências serão à
descentralização, à socialização, à construção de um conhecimento racional e
dinâmico dos alunos (Cfr. http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/a-relacao-educador-educando-2805108.html)
De acordo com AQUIMO (1996, p. 34), “A
relação professor - aluno é muito importante, a ponto de estabelecer
posicionamentos pessoais em relação à metodologia, à avaliação e aos conteúdos”
Se a relação entre ambos for positiva, a
probabilidade de um maior aprendizado aumenta e assim a força da relação
professor -aluno é significativa e acaba produzindo resultados variados nos
indivíduos.
Um factor fundamental do trabalho
docente trata da relação entre o aluno e o professor, da forma de se comunicar,
se relacionar afectivamente, as dinâmicas e observações são fundamentais para a
organização e motivação do trabalho docente (LEBÂNEO:1999).
Nestes dois conceitos, os autores
chamam atenção aos educadores no sentido de manter boa relação com os seus
educandos para que possam alcançar com sucesso os objectivos do Processo de
ensino.
É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas
características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem
dos alunos, fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que
por sua vez reflecte valores e padrões da sociedade (ABREU &
MASETTO:1990:115).
A relação educador - educando seria o
respeito permanente que um deve sempre ter para com o outro e esse respeito
parte do compromisso firmado entre esses sujeitos quando inseridos
conjuntamente no processo educacional. Respeito esse que exige do (a) educador
(a) a assunção de sua autoridade de professor (a) no interior da sala de aula,
tomando decisões, conduzindo o processo educacional, orientando actividades; e
que por isso não pode confundir-se com prática autoritária; e que, portanto
pressupõe o resguardo da autonomia e liberdade de que deve gozar o (a) educando
(a), sem, contudo, tal liberdade ser confundida com licenciosidade, em outras
palavras, com descompromisso para com o processo político - educativo (Cfr.
FERREIRA, PINA e CARMO: 2005).
Com base nestas teorias actuais que
reflectem sobre a relação que se deve manter entre educador e educandos no PEA
torna-se importante perceber que a aprendizagem se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas
atitudes e métodos de motivação em sala de aula pois aprender não é uma
actividade que surge espontaneamente nos alunos, nem é uma tarefa que cumprem
com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto
possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos
alunos, acompanhando suas acções no desenvolver das actividades. A relação
entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo
professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir,
reflectir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes
entre o seu conhecimento e o deles.
Olhando para
a realidade do Centro de AEA de São João de Deus e no tocante a Relação entre o
educador e os seus educandos nota-se que são conservados esses princípios
teóricos o que torna o ambiente agradável, motiva ao educador a estar presente
e trabalhar com o grupo, e, aos educandos a não desistir às aulas,
participar actividades do centro e a construir o seu próprio conhecimento. As
actividades a serem levadas a cabo podem ser: documentar a experiência;
convidar os educadores daquele centro para falar da experiência em alguns
fóruns e buscar experiências de outros centros para subsidiar a mesma.
Conclusão
O relatório aborda no primeiro
capítulo sobre as actividades realizadas ao longo dos três anos de Práticas
Pedagógicas em dois centros de Alfabetização e Educação de Adultos integrados
nomeadamente: Micolene (nas PPI no ano de 2009) e “São João de Deus” (nas PPII
e PPIII em 2010 e 2011). Os trabalhos de campo nestas etapas, foram antecedidos
de aulas teóricas em forma de conferências e seminários orientados pelos
supervisores da Cadeira com o objectivo de aprofundar e consolidar
conhecimentos antes do trabalho de campo.
O que se pode tirar como lição das
PP`s é que elas permitiram articular a teoria e a prática, ou seja, foi o
momento de manter contacto com os centros e confrontar as várias teorias que
acordo a realidade local, através da planificação e leccionação de aulas e que
permitiu perceber as reais dificuldades que os centros enfrentam de ordem
física, pedagógica e administrativa.
Durante as PP`s II e III realizadas no
Centro de AEA São de Deus foi possível observar um aspecto que chamou atenção
para o segundo capítulo deste relatório, que tem a ver com a boa relação que se
desenvolve entre o educador e os educandos e vice-versa naquele centro. Na sala
de foi possível observar que na sala de
aula em que o educador mantêm respeito para com todos, explica as matérias e os
educandos por sua vez participam activamente na aula e prestam maior atenção e
não registam índices de desistências às aulas. Fora da sala de aula, é frequente
observar aproximação do educador e educandos através de conversas dentro do
recinto do centro, para além de visitas à educandos em situações de doença ou infelicidade (falecimento de
familiar) na qual participam a maioria dos educados após as aulas.
Confrontada literatura com esta
prática, constata-se que a experiencia é boa e enquadra-se naquilo que vários
autores defendem como sendo melhores métodos de acordo os princípios da “escola
nova”, mas como fazer com que a mesma seja conhecida por outros centros que
enfrentam problemas desta natureza. Como primeira recomendação seria a
necessidade das instituições ligadas a alfabetização e educação de adultos
documentar a experiência tomando em conta as diferentes fases que foram
seguidas desde o início até então para depois ser disseminada; e segunda
recomendação é que tanto o governo assim como os parceiros da área de
alfabetização e educação de adultos deviam distinguir a direcção daquele centro
como forma de motivá-lo a continuar e incentivar os outros centros nesta
componente.
Ao terminar sugerir que as Práticas
Pedagógica devem continuar a ser privilegiadas no programa de ensino da UP,
visto que permite este contacto com a realidade escolar dos futuros
profissionais deste sector, porém há maior necessidade de que estas tenham
maior acompanhamento dos docentes com maior experiência no terreno, visto que
muitas vezes isto não se verifica.
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