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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Processos Cognitivos



 Introdução
A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento. Esta área de investigação cobre diversos domínios, examinando questões sobre a memória , atenção, percepção, representação de conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.
A vida cognitiva é um conjunto de fenómenos representativos ou do conhecimento. Embora não seja muito fácil definir o conhecimento mas sabe-se que conhecer é representar alguma coisa; conhecemos um objecto quando a sua representação existe no nosso espírito.
Do processo de aquisição dos elementos, faz parte a percepção e a sensação enquanto que a maneira como se conservam e combinam os conhecimentos adquiridos constituem a imagem, a memória, a associação e a imaginação e finalmente a elaboração pela inteligência das ideias, juízos e raciocínios a partir dos dados sensoriais.
O presente trabalho de carácter de investigação para a cadeira de Introdução `a Psicologia resultou de consultas bibliográfica sobre o conceito dos processos cognitivos ( sensação, percepção, memoria, pensamento e imaginação) e sua importância no processo de ensino e aprendizagem
















1. Processos cognitivos

Processo cognitivo é a realização das funções estruturais da representação (idéia ou imagem que concebemos do mundo ou de alguma coisa) ligadas a um saber referente a um dado objecto. Constitui na execução em conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais, representações, pensamentos e lembranças, com o processo mental que consiste em escolher ou isolar um determinado aspecto de um estado de coisas relativamente complexas, a fim de simplificar a sua avaliação, classificação ou para permitir a comunicação do mesmo através da abstração.
Wundt o pai da psicologia estudava a consciência, por muito tempo ela não foi aceita como objecto de estudo na ciência, mas a psicologia cognitiva promove uma revolução paradigmática ao colocar a consciência no centro das pesquisas em psicologia novamente.

1.1 Sensação

Segundo SARAIVA ( S/D:96)Sensação, é o estado da consciência provocado pela excitação de um órgão sensorial”. É o fenómeno primário e mais simples de toda a vida prática , falando com rigor não pode definir-se mas pode descrever-se como:
ü  Fenómeno psicofisiológico provocado pela excitação de um órgão sensorial;
ü  É uma reacção da consciência `a um estímulo externo ou interno;
ü  É um dado imediato da consciência pelo qual ela intui uma qualidade sensível dos objectos ( cor, som, sabor )
A aquisição de conhecimentos é feita pela sensação e percepção que são as bases do conhecimento sensível, conhecimento este que nos representa os objectos do mundo exterior por intermédio dos sentidos.
Os objectos externos excitam os órgãos dos sentidos por meio de estímulos e provocam as sensações graças as quais o espírito os percebe.

1.1.1 Fenómenos do processo da sensação
Excitação ou acção do excitante sobre as terminais nervosas dos órgãos sensoriais – Fenómeno físico.
Exemplo: raios luminosos, vibrações

Impressão provocada pela excitante nas células terminais, a condução pelos nervos sensitivos aos centros nervosos cerebrais e a recepção da impressão do cérebro – Fenómeno fisiológico;
A sensação que se produz no termo de todo este processo e constitui o fenómeno psíquico

1.1.2 Aspectos da sensação
Na sensação podemos encontrar três aspectos:
ü  Aspecto Afectivo – a sensação é no dizer de Spencer agradável ou desagradável – aspecto da vida activa
ü  Aspecto Activo – a sensação corresponde um movimento e até frequentemente ela exige uma adaptação motriz do órgão sensorial;
ü  Aspecto representativo – a sensação representa e intui uma qualidade sensível do objecto; que pode caracterizar-se sob este ponto de vista, a representação sensível de uma qualidade do objecto  sem qualquer referencia ao objecto a que pertence, pois neste caso, teríamos a percepção que envolve sempre juízo da exterioridade, embora implícito a uma interpretação da sensação

1.1.3 Leis da sensação
As leis da sensação podem dividir-se em três grupos:
Leis Psicofísicas – respeitam as condições de eficácia do estímulo e podem ser: leis do limiar inicial ou diferencial.
Leis Psicofisiológicas – respeitam  ao papel dos aparelhos receptores e podem ser: leis de especialização dos org~aos receptores e a lei específica dos neuros;
Leis Psicológicas – que se referem ao condicionamento recíproco das sensações e podem ser: leis da relatividade e leis da fusão


1.2 Percepção
Segundo  FOUQUIÉ citado por RIBEIRO (2005  : 118)Percepção é o acto pelo qual o espírito interpreta os dados sensoriais e os refere a um objecto exterior ou é o conhecimento de um objecto externo, provocado por uma excitação sensorial e acompanhado de um sentimento da realidade”.
Percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização das informações obtidas pelos sentidos. Ela pode ser estudada do ponto de vista Psicológico ou fisiológico, envolvendo estímulos eléctricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos.
1.2.1 Teorias da percepçào
Teoria associacionista
Segundo Thomas Reide (m.1796) admite como base primeira do conhecimento, a existência de “ unidades psíquicas elementares “ ( as sensações ) as quais combinando-se entre si e associando-se a representações de experiências passadas, se estruturam em percepções. Sendo esta
( percepção) “ a síntese de sensações actuais e de lembranças de experiências anteriores”
Teoria gestalista
Uma totalidade, longe de ser soma, dos elementos que contém, é antes o seu acondicionamento. Pelo que, um elemento integrado numa totalidade, é diferente desse mesmo elemento quando isolado, ou integrado numa outra totalidade.

1.2.2 Tipos de Percepção

Nos seres humanos, as formas mais desenvolvidas são a percepção visual e auditiva, pois durante muito tempo foram fundamentais à sobrevivência da espécie (A visão e a audição eram os sentidos mais utilizados na caça e na protecção contra predadores). Além da percepção ligada aos cinco sentidos, os humanos também possuem capacidade de percepção temporal e espacial.
Percepção visual
ü  A visão é a percepção de raios luminosos pelo sistema visual.

Percepção auditiva

ü  A audição é a percepção de sons pelos ouvidos. A psicologia, a acústica e a psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenómenos sonoros.

 

Percepção olfactiva

ü  O olfacto é a percepção de odores pelo nariz. Este sentido é relativamente tênue nos humanos, mas é importante para a alimentação. A memória olfactiva também tem uma grande importância afetiva. A perfumaria e a enologia são aplicações dos conhecimentos de percepção olfactiva.
Nota: Em alguns animais, como os cães, a percepção olfactiva é muito mais desenvolvida e tem uma capacidade de discriminação e alcance muito maior que nos humanos.

Percepção Gustativa.

O paladar é o sentido de sabores pela língua. Importante para a alimentação. Embora seja um dos sentidos menos desenvolvidos nos humanos, o paladar é geralmente associado ao prazer e a sociedade contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os aspectos nutritivos dos alimentos.

Percepção táctil

O tacto é sentido pela pele em todo o corpo. Permite reconhecer a presença, forma e tamanho de objectos em contacto com o corpo e também sua temperatura. Além disso o tacto é importante para o posicionamento do corpo e a protecção física.
O tacto não é distribuído uniformemente pelo corpo. Os dedos da mão possuem uma discriminação muito maior que as demais partes, enquanto algumas partes são mais sensíveis ao calor.

Percepção temporal

Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento do cérebro (neurociência).

A percepção temporal já foi objecto de diversos estudos desde o século XIX até os dias de hoje, quando é estudado por técnicas de imagem como a ressonância magnética.

 

Percepção espacial

Assim como as durações, não possuímos um órgão específico para a percepção espacial, mas as distâncias entre os objectos podem ser efectivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho relativo dos objectos. A razão para separar a percepção espacial das outras modalidades repousa no fato de que aparentemente a percepção espacial é supra-modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se um som procede especificamente de um objecto visto e se esse objecto (ou o som) está aproximando-se ou afastando-se.

1.3 Memória

Para SARAIVA (S/D:138) “ A memória é o conjunto das funções psíquicas de fixação, evocação e reconhecimento”
Memória, “ é o poder que o espírito tem de conservar, reproduzir, reconhecer e localizar os estados da consciência anteriormente experimentados”  segundo RIBEIRO (2005:136)..
O objecto da memória são todos os estados da consciência do passado como: emoções, pensamento, resoluções entre outros.
Ela está intimamente relacionada com os fenómenos de associação. Porém, para que estes sejam associados é necessário que se tenham conservado no espírito e possam reaparecer pois a associação é a lei fundamental da memória.

1.3.1 Tipos de Memória
Memória declarativa. É a capacidade de verbalizar um fato. Classifica-se por sua vez em:
ü  Memória imediata. É a memória que dura de fracções a poucos segundos, como por exemplo: a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. 
ü  Memória de curto prazo. É a memória com duração de algumas horas. Neste caso existe a formação de traços de memória. O período para a formação destes traços se chama de Período de consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar do que se vestiu no dia anterior, ou com quem se encontrou.
ü  Memória de longo prazo. É a memória com duração de meses ou anos. Um exemplo é a capacidade de aprendizado de uma nova língua.
Memória de procedimentos. É a capacidade de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.

1.3.3 Factores relacionados com a perda de memória
a)      Amnésia - é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar informações. Qualquer processo que prejudique a formação de uma memória a curto prazo ou a sua fixação em memória a longo prazo pode resultar em amnésia.
b)      Paramnésia - ´a confusão de percepção com a lembrança do passado e o presente
c)      Hipermnésia – é a perda da faculdade de esquecer

Doença de Alzheimer - predomina a perda gradativa da memória, pois ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa, seguidas de outras partes do cérebro.

1.3.4 Importância da memória

A memória intervem em todos os actos ao espírito, a ponto de dizer sem ela a vida psíquica seria impossível: não poderiam existir percepções, ideias, comparações, juízos e raciocínios. Ela é condição do progresso intelectual pos sem ela não haveria progresso nos nossos conhecimentos.
Segundo HERING citado por SARAIVA ( 1974:128) “ memória, é um património ávido que constituiu origem e o traço de união  de toda a vida consciente”


1.4 Imaginação

Imaginação é etimologicamente ” Pensar e exprimir-se por imagens “  porém o modo de utilizar as imagens com o que pensamos ou nos exprimimos é extremamente variável.
Nosso espírito não se limita a ser imóvel, encerrado no mundo das imagens, mas procura obter delas certos resultados. É a partir delas que elabora as ideias , combina-as em juízos, e estes m raciocínios. Porém é necessário que as imagens estejam armazenadas no espírito para as podermos reproduzir e combinar.
Imaginação, é o poder do espírito pelo qual reproduzimos e combinamos as imagens.
Ela divide-se em imaginação reprodutora ( poder do espírito de fazer reviver as imagens dos objectos sensíveis, tais como aparecem pela primeira vez) e criadora ( o poder do espírito de combinar imagens antigas para formar novos agregados que os sentidos nunca presenciaram).



1.4.1 Formas de imaginação
ü  Imaginação reprodutora – faculdade de evocar imagens tal com foram fixados pela memória.
ü  Imaginação criadora – construção de estruturas representativas novas, pela decomposição e novo arranjo de estruturas perceptivas anteriores

1.4.2 Importância da imaginação
Pela memória o homem fixa o passado; pela percepção apreende o presente. A imaginação não só ajuda a alargar os horizontes da memória , como permite ainda antecipar e construir o futuro. A imaginação é assim uma das nossas funções mais importantes e o homem um ser cujo o nível de existência  depende, antes de mais, do nível de desenvolvimento da sua capacidade inventiva.


1.5 Pensamento
Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade.
Pensamento é um processo mental que permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efectiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. O pensamento é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e ideias revela justamente a vontade deste.
O principal veículo do processo de consciencialização é o pensamento. A actividade de pensar confere ao homem "asas" para mover-se no mundo e "raízes" para aprofundar-se na realidade.
Segundo Descartes (1596-1650), filósofo de grande importância na história do pensamento, a essência do homem é pensar. Por isso dizia: "Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente".
O pensamento faz a grandeza ou a pequenez do homem. A grandeza decorre do pensamento bem pensado, que avalia a multiplicação do real e se esforça para desvendá-lo atentamente, saboreando sua riqueza e diversidade. Tal pensamento aprendeu a filosofar: a desejar amorosamente a verdade, a amar a sabedoria. Enquanto que a pequenez decorre no pensamento obscuro, mesquinho que desconhece o sabor da busca do saber. Este pensamento transforma-se em meio de ocultação da realidade por meio dele a actividade pensante, em vez de servir à liberdade pode transforma-se em instrumento de dominação social.


1.5.1 Características do pensamento
  1. Pensamento especulativo – Quando se volta para esfaculação na busca do conhecer para saber, ou nela prazer de chegar a verdade
  2. Pensamento a priori – quando conclui sem fazer apelo `a experiência
  3. Pensamento prático – ordenado `a acção, conhecer para aplicar
  4. Pensamento aposterior – se procede de observação dos factos, e conclui pela via da experiência
  5. Pensamento introspectivo – se compreende também se o universo existente for  do homem
  6. Pensamento consciente e inconsciente – segundo o grau da consciência da pessoa que pensa



1.5.2 Importância da imaginação
Muitos psicólogos cognitivos e filósofos de diversas escolas, sustentam a tese de que, ao transitar pelo mundo, as pessoas criam um modelo mental de como o mundo funciona (paradigma. Ou seja, elas sentem o mundo real, mas o mapa sensorial que isso provoca na mente é provisório, da mesma forma que uma hipótese científica é provisória até ser comprovada ou refutada ou novas informações serem acrescentadas ao modelo (v. Método científico).





Conclusão

Depois de uma longa abordagem sobre os processos mentais ou simplesmente aqueles que  estão por detrás do comportamento.  A vida cognitiva como  um conjunto de fenómenos representativos ou do conhecimento sabe-se que conhecer é representar alguma coisa; conhecemos um objecto quando a sua representação existe no nosso espírito. A descrição feita sobre os vários processos cognitivos, permite dar-nos uma ideia geral sobre o funcionamento destes processos e as leis que regem.
Pela memória, o homem fixa o passado, pela percepção, apreende o presente e a imaginação ajuda a alargar os horizontes da memória e da percepção, isto é, a reconstruir o passado distante, ou desvassar o presente oculto.
Desde já, espera-se que os leitores façam um uso proveitoso deste trabalho que foi carinhosamente produzido e compilado pelos membros do grupo e caso não se sintam saciados com as informação constantes neste trabalho sobre o tema poderão buscar informação recorrendo a outras fontes bibliográficas

 



























Bibliografia

ü  RIBEIRO, J. Bonifácio & SILVA, José da; Compêndio de Filosofia 6º e 7º ano Liceal; 9. ed.; Livraria Popular de Francisco Franco, Lisboa; 2005


ü  SARAIVA, Augusto; Psicologia; 6º ano Liceal; 12ª Edição; Porto; 1974

ü  Percepção disponível em http://www.percepcao.org. Acesso em 23 de Maio de 2009

ü  Memória; disponível em http://www.percepcao.org Acesso em 23 de Maio de 2009

ü  Writiting, A; Psicologia Geral; S/E; São Paulo 1981


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