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Conceitos chaves em andragogia

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cura de diferentes doenças com base na experiencia local


Introdução
O presente trabalho com o tema: Possibilidade de cura das diferentes doenças com base na experiência local, tem por objectivo trazer uma reflexão da pratica da medicina tradicional nas comunidades locais. Parte-se de principio de antes da expansão da medicina ocidental, as comunidades locais e principalmente maior parte da população moçambicana foi servida por estes serviços de saúde.
Neste trabalho, o autor procura explicar como eram feitas ou ainda são feitos os tratamentos das pessoas doentes nas zonas rurais principalmente explicando as técnicas usadas, os praticantes, os clientes e servidos e os tipos de doenças tratadas.
Para a produção do mesmo o autor recorreu a consulta bibliográfica de autores de versam sobre a matéria e depois de recolhida e compilada a informação, o trabalho apresenta seis pontos chaves que estão nele contidos e termina com uma conclusão que se possa tirara dele depois de uma leitura cuidadosa sobre o trabalho.

1.Possibilidade de cura das diferentes doenças com base na experiência local

1.1 Medicina Tradicional e Defesas Naturais
A medicina tradicional pontua-se no sentido de um conjunto de medidas e situações que proporcionam prevenção, cura e paz interior, se valendo de métodos naturais de cura, composto por ervas, massagens, acupuntura, relaxamento mental e outras técnicas. (Cfr: http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1757255-medicina-tradicional-defesas-naturais/#ixzz1vDp3qnlX )


Percorrendo a história temos algumas civilizações que edificaram seus sistemas de cura, originalmente vindos do povo e gradualmente sendo inserido nas universidades e formando profissionais com diplomas e certificados, dentre elas podemos citar a Medicina Ayurvédica de origem indiana e difundida em grande parte do mundo e com maior aceitação e popularidade a Medicina Tradicional Chinesa, tendo como expoentes a acupuntura e a fitoterapia (tratamento com plantas medicinais).
Esta forma de ver o corpo como um microcosmo, obrigatoriamente nos leva a buscar o equilíbrio de nossos pilares de vida. Segundo a OMS-WHO (Organização Mundial da Saúde), uma pessoa saudável deverá ter equilíbrio em quatro aspectos do ser humano:

1.      Esfera Física - a saúde física é a primeira busca, porém a diferença está se buscamos este equilíbrio denominado pelos fisiologistas de “homeostase”, de dentro pra fora, ativando e mantendo íntegra nossa imunidade, ou se acreditamos que intervenções externas com drogas muito potentes é que vão resolver nosso desequilíbrio. Na MTC recomenda-se tratar os sintomas, mas também a causa, evidenciando o princípio de tratar o ser humano como um todo.

2.      Esfera mental – há algum tempo atrás, nas sociedades ocidentais a medida de valor de um ser, era o seu alto QI (quociente de inteligência), hoje sabemos que este índice só mostrava a capacidade racional do indivíduo, sendo atestado na atualidade no próprio mercado de trabalho, a valorização da inteligência emocional, psíquica, espacial, social, linguística, e tantas outras. Junto com estas potencialidades residem as emoções, sentimentos estes capazes de alterar em segundos toda nossa bioquímica fisiológica em reações que podem levar até a morte, nos casos de paradas cardíacas ou derrames cerebrais, depois de vivências de emoções muito fortes. A era da informação que vivemos, também precisa ser a era do otimismo e do pensamento positivo, cultivando valores nobres e emoções depuradas, evitando o acúmulo dessas energias ou a falta delas, ocasionando as ditas doenças sociais, como a depressão, ansiedade, distúrbios psíquicos, alcoolismo, tabagismo, obesidade e tantos outros. No oriente há um adágio que diz “ uma pessoa é aquilo que ela come”,aqui fomos ensinados que uma pessoa é aquilo que ela pensa, mas com a alma latina que predomina no Brasil, podemos dizer que uma pessoa é aquilo que ela sente como queria Carl Jung e 

3.      Esfera social – é sabido que o homem é um ser sociável, é um princípio de nossa filosofia, sendo assim, como podemos considerar saudável os “isolamentos” ou “ausências”, até mesmo quando percebemos que estamos no trabalho, em casa, em família ou amigos, ou até mesmo numa prática religiosa, a maioria ainda se sente solitária. A Saúde social é atingida à partir do momento que entendemos que somos parte integrante de organizações, desde a primeira célula social que é a família, amigos, colegas de trabalho, comunidades, escola, lazer. Em resumo quem não se integra não se entrega para o exercício de sua socialização e cidadania plena, com múltiplas actividades de diferentes aspectos, mas sempre necessárias e complementares.
4.      Esfera espiritual – este ponto não tem nenhuma conotação religiosa, porém trata da religiosidade e da necessidade do ser humano desenvolver um sistema de crenças de acordo com sua cultura e influências, para cultivar sua espiritualidade. O conceito de religar e do latim como forma der

 1.2 A prática de sistemas de saúde e cura de doenças nas comunidades
Em qualquer sociedade, em qualquer lugar quem procura cuidados de saúde tem a sua disposição vários sistemas de prestação de cuidados de saúde. Todas as sociedades são pluralistas, não há um único sistema de saúde. Há uma dezena de sistemas de saúde, de prestação de  cuidados de saúde as pessoas quem precisa de cura, de alivio da dor (de qualquer tipo) procura um prestador  de cuidados.
A procura de um terapeuta tem a ver com quem procura – a sua historia, a sua cultura as suas experiências anteriores a sua capacidade de pagar, género o nível e natureza de sofrimento. Cada  um destes sistemas de saúde nos seus discursos apresenta-se como o melhor ou tenta manter uma certa hegemonia e tal hegemonia que cada um dos praticantes tenta manter para si pode ser explicada de varias formas: ganhos económicos, acesso ao poder politico, sistema de saúde dominam  num Pais ou no mundo, maior eficiência , eficácia, etc.

1.2.1 Níveis dos sistemas de saúde
Os sistemas de saúde têm vários níveis. As tensões podem existir muitas vezes ao nível nacional e internacional mas não existirem ao nível dos praticantes nas aldeias e localidades ao nível das famílias
Segundo Kleiman apud KONTANYI,(2003) existem três sectores de prestação de cuidados de saúde: o sector popular, o sector folclórico e o profissional.
·         O sector popular- constitui um domínio de prestação de cuidados de saúde não profissional, leigo onde as doenças são diagnosticadas e tratadas dentro da família, recorrendo-se a varias tradições de cura: vai-se a casa do enfermeiro vizinho, a caixa de remédios do avo;
·         O sector folclórico – inclui os prestadores locais de cuidados de saúde, os ervanários , os curandeiros os advinhadores, os exorcistas, as matronas tradicionais, etc
·         O sector profissional – é o sector de especialistas em bio-medicina e para fazer parte deste tipo tem que ter diploma.
Estes três sectores tendem a entrar em conflito o que se tentam estabelecer como os únicos e melhores, esta relação entre os prestadores de cuidados de saúde tradicionais e bio-médicos tem sido bastante conflituosa, mas a expansão do HIV/SIDA, as doenças ligadas com a insegurança social e com a guerra, o desemprego, as transformações sócio-económico , o desenvolvimento, a ruptura de laços familiares fazem com que os prestadores de cuidados de saúde de diferentes tradições se vejam forcados a colaborar.
Em muitos países, os prestadores de medicina não bio-medicas, os praticantes de medicina chinesa, da medicina tradicional africana também constroem a sua identidade como medicina profissional.
Os sistemas tradicionais de saúde estrutura-se pelo referido campo simbólico e articulam por isso, família, economia, politica, religião, magia e feitiçaria. É por ele que se modelam as representações e as praticas de saúde e da doença, uma sociedade onde há comportamentos de ordem tende a ser constituída por membros saudáveis e a doença é representada como um efeito produzido pela desordem em qualquer um dos  processos dos seus diferentes domínios

1.3 Actores especializados no sistema de saúde
De acordo KONTANYI (2003:40)
Existem basicamente quatro tipos de actores especializados no sistema de saúde nas comunidades: adivinhos (que fazem adivinhação através de diversos sistemas divinatórios); curandeiros (que tratam certas doenças através de diferentes técnicas e meios); médiuns (que tratam certas doenças onde intervêm activamente vários tipos de espíritos) e fazedores de feitiços (que induzem alteração de forcas).
Existem  ainda outros actores importantes como chefes de tradicionais (considerados grandes curandeiros e feiticeiros) e chefes ou seniores de famílias (únicos consultantes peritos). É verdade que afirmar que em determinadas situações qualquer individuo da comunidade ou família pode ser suspeito, acusado ou condenado como feiticeiro (representando como alguém que rouba poderes de saúde, ou riqueza a outrem para proveito próprio)
Cada um dos três primeiros tipos de peritos indicados nas comunidades pode acumular funções de dois ou mais tipos, um adivinho pode ser curandeiro, um médium também pode ser curandeiro e adivinho mas de forma geral, tis peritos do sistema de saúde são possuídos por espíritos e o seu papel deriva do poder desses espíritos o que revelaram querer possuir essas pessoas quando esta se tratava de alguma doença.
Cada um dos peritos sabe diagnosticar e ou tratar uma ou varias doenças ainda que o diagnóstico e terapia não tenham que ser concordantes. Existem diferentes tipos de doenças desde as mentais, ‘as psico-sociais e ate as somáticas

1.4 Origem das causas diagnosticadas das doenças
As causas das doenças ou infortúnios muitas vezes podem estar ligadas a vários tipos de fenómenos:
·         Incumprimento de normas sociais ou familiares;
·         Castigo de espíritos antepassados por incumprimento de normas ou proibições;
·         Meio de revelação do projecto de possessão de um espírito estrangeiro que em vida possui poderes especiais;
·         Agressão de um espírito de um familiar que morreu sem poder tornar-se antepassado e que reclama atenção, rituais, ofertas varias ou construção de uma casa;
·         Agressão de um espírito de um defunto não familiar que não foi devidamente enterrado e que pode exigir somas muito importantes e que deve ser exorcizado;
·         Por ter visto ou participado em cerimonias violentes ou mortes, sobre tudo quando há derramamento de sangue e não existe iniciação e respectiva purificação;
·         Feitiços activados por algum agressor;
·         Factores naturais.
O diagnóstico geralmente pode ser canalizado através de adivinhação ou por olfacto que detecta um espírito interveniente. São conhecidas terapias para múltiplas doenças (esterilidade, mulher que aborta, epilepsia, diarreia, herpes, dores de cabeça, dores de pele, doenças venéreas, etc).
As terapias de uma forma geral, integram dimensões físico-químicas e simbólicas e quase todos os medicamentos deriva de plantas (folhas, cascas, raízes e sucos) que são indicados pelos espíritos quase sempre através de sonhos e que são ministrados através de consumo (bebida e comida) de banho com agua quente (onde tais materiais estão misturados) para lavagem ou debaixo de um cobertor para o doente suar. A forca desses elementos está ligada a forca dos espíritos que lhes dão esse poder  por isso é necessários realizar rituais preventivos para evitar o perigo de os retirar sem o seu consentimento.

1.5 O papel dos médicos tradicionais na prevenção ao HIV/SIDA

O aumento de portadores da AIDS, mais conhecida como SIDA em Moçambique, aliado a uma realidade de escassez de médicos e profissionais da área da saúde, presencia um constante crescimento no número de curandeiros e na realização de rituais, sendo que, de acordo com as últimas estimativas do governo, o número de curandeiros ultrapassa o de setenta mil pessoas em todo o país. Assim, torna-se surpreendente que, em pleno século XXI, após Moçambique ter passado por um período de colonização portuguesa e pelo socialismo da pós-independência, que os curandeiros ou vanyangas, como também são chamados, tanto os anunciados nos jornais/revistas locais como os divulgados nos manuais de orientação de saúde populacional distribuídos em todo o país, sejam vistos como a principal fonte e alternativa de cura de doenças ainda não solucionadas pela medicina tradicional ou pelos profissionais especializados na área da saúde.

Nessa perspectiva, o curandeiro, que representa o interlocutor entre o doente (nyanga) e o ser superior sagrado, é dotado de todo um simbolismo, além da extrema credibilidade, fazendo com que a maioria dos moçambicanos doentes o procure ao invés dos profissionais da saúde, adoptando como correcta a prática de rituais sagrados, que variam desde a adivinhação até a manipulação de ervas e a purificação através de banhos, ablações e sacrifícios com meninas virgens ou animais sagrados, para a obtenção da cura. Assim, o curandeiro, mais que os médicos ou qualquer outro profissional especializado, é aquele que detém um papel de fundamental e extrema importância na sociedade moçambicana, à medida que determina quando e por quem a doença pode ser curada, seja através do ritual ou da medicina tradicional, sendo então, a peça determinante na busca da cura das patologias modernas.

1.6 Rituais como formas de reprodução simbólica
A reprodução simbólica que se dá através dos rituais, surge como um meio de neutralização de ameaça ao que se considera estranho, daquilo que é novo, mas que para muitos parece ainda ineficaz diante do desespero e despreparo para se enfrentar a nova realidade que se posiciona no mundo. Desta maneira, o retorno à tradição, através da utilização do simbolismo dos rituais de cura, formado pela linguagem, pelos gestos, objectos, emoções e pessoas determinadas, adquire um poder misterioso de ligar o humano e o sagrado.
Para Marilena Chauí (1994), o sagrado pode ser considerado como experiência da presença de uma potência ou de uma força sobrenatural que habita algum ser – planta, animal, humano, coisas, ventos, águas, fogo. Essa potência é tanto um poder que pertence própria e definitivamente a um determinado ser, quanto algo que ele pode possuir e perder, não ter e adquirir. O sagrado é a experiência simbólica da diferença entre os seres, da superioridade de alguns sobre outros, do poderio de alguns sobre outros, da superioridade e poder sentidos como espantosos, misteriosos, desejados e temidos.
Neste contexto, o sagrado produz o próprio encantamento com o mundo, o qual havia se desencantado diante da nova realidade que se coloca e da impossibilidade momentânea da cura das novas patologias modernas, diminuindo deste modo, o distanciamento entre o homem e a divindade, à medida que suas necessidades e essencialidades são ouvidas e atendidas pelas forças sobrenaturais que agem magicamente nos indivíduos.
Assim, os rituais de cura, que ocorrem através da repetição minuciosa e perfeita do rito e do processo de transe em curandeiros, profetas, magos, astrólogos, videntes, xamãs, sacerdotes, pajés ou pessoas dotadas de poderes especiais em determinadas comunidades, têm como propósito trazer o sagrado, também conhecido por mana ou por ntu, nome dado na África, até o indivíduo doente e anunciar a vontade divina, que pode ser a dádiva da cura ou a própria morte daquele que está convalescido; bem como representam uma verdadeira aliança entre o doente e o ser superior/sagrado, através da realização de um processo de troca, no qual o doente oferece algo significativo para a divindade, que pode ser um objeto, uma dança, um animal, um filho ou um bem de extremo valor simbólico, em troca espera receber a cura de sua enfermidade.
Os rituais representam independentemente da categoria social e económica do doente, visto que se encontra acessível a todos os cidadãos, o principal e mais importante veículo de troca dos fluidos espirituais, que transparecem como um bálsamo salutar para aquele que se encontra acometido por algum tipo de patologia, pois atrai as dores do individuo convalescido para as forças sagradas e o entrelaça mentalmente pela fé com o ser superior, dando-lhe sempre uma resposta, seja através da revitalização de seu corpo, da edificação de suas esperanças em relação à cura de suas enfermidades ou, até mesmo, da própria obtenção da cura.
O ritual, mais do que uma súplica do doente ao ser superior, estabelece uma verdadeira prece, cujo momento da comunhão com o sagrado se dá através do sacrifício do doador à divindade em busca de sua salvação, torna-se um momento único e de poderosa magia, cuja linguagem humana jamais poderá exprimir correctamente mediante sensação de magnitude e cumplicidade.
Neste sentido, o simbolismo presente na realização de uma prece ou de um ritual sagrado, permite ao indivíduo encontrar valores essenciais e necessários para a sua própria organização e reconstrução na sociedade em que vive que, por sua vez, encontrava-se corrompida pelos ideais da modernidade.
De acordo com Cassirer (1987), o simbolismo do sagrado permite o acesso a um mundo especificamente humano, ao mundo da cultura, a qual não se define em uma ciência interpretativa, que busca um significado propriamente dito, mas que busca e se define como a própria substância da sociedade, e desta maneira, sem a presença do simbolismo e dos significados, a vida humana ficaria encerrada dentro dos limites de suas necessidades biológicas e de seus interesses práticos; não encontraria acesso a um “mundo ideal” e não teria qualquer sentido.


  Conclusão
A medicina tradicional pontua-se no sentido de um conjunto de medidas e situações que proporcionam prevenção, cura e paz interior, se valendo de métodos naturais de cura, composto por ervas, massagens, acupuntura, relaxamento mental e outras técnicas. Em muitas comunidades rurais por exemplo, a cura de doenças com base na experiência local continua a ser praticada aliada aos factores culturais por um lado e a falta de infra-estruturas sanitárias por outro.
O tratamento de doenças nestas comunidades tomam-se em conta as 4 esferas definidas pela Organização Mundial da Saúde nomeadamente: esfera física, esfera espiritual, esfera emocional e esfera social e em todas estas os tratamentos e a cura são feitos por pessoas especializadas e com uma larga experiência como curandeiro, feiticeiros, médiuns e outros anciãos da comunidades.
Embora em algum tempo esta pratica tenha sido desprezadas pela medicina ocidental, nos nossos dias e tomando em conta que tem estado maior numero de pessoas, tem sido levada em consideração e ate tem estado lado a lado com a medicina convencional.

Bibliografia
KONTANYI, Sophie. Espírito Corpo. Centro de Informação e Documentação Amilcar Cabral. Lisboa.2003.


Funções didácticas


Funções didácticas
Pró Antonio Pedro. Abril de 2012

Introdução

 As funções didácticas desempenham um papel preponderante no decurso do processo de ensino e aprendizagem (PEA), uma vez que actuam como um instrumento que permite que professor ou educador, esteja consciente dos fundamentos teóricos da sua área de formação (específicos e pedagógicos), elaborando sua prática, a fim de transformar o aluno em um sujeito que responda às exigências contemporâneas, tais como: analisar, interpretar, avaliar, sintetizar, comunicar, usar diferentes linguagens, estabelecer relações, propor soluções inovadoras para as situações com as quais defronta etc. Essa acção transformadora é fundamental ao trabalho professor ou educador, tendo em conta que a principal característica da educação actualmente é que o processo de ensino e aprendizagem não tem por alicerce apenas o conhecimento trazido pelo professor ou educador, mas também toda a carga de conhecimentos que o aluno traz a partir da leitura que ele faz do mundo em que vive.

O presente trabalho com o tema: Funções didácticas, tem por objectivo levar os futuros educadores a compreensão das funções didácticas como uma unidade, não actuando de maneira isolada, e a mesma serve de suporte teórico que irá nortear, no futuro, o exercício da sua função de docência, permitindo deste modo que: - Os futuros educadores estejam dotados de capacidade para usar estas funções no decurso do PEA e - O docente seja capaz de usar as actividades de uma função noutra, sem que sinta obrigado a ter que voltar para uma função específica.
Para a produção do trabalho, o autor recorreu a consulta de obras bibliográficas de vários autores que versam sobre o tema e de apanhados que foram feitos na Cadeira de Didáctica Geral no ano lectivo de 2009 e outras cadeiras psicopedagogicas. Recolhida e compilada a informação, o presente trabalho dentro da sua abordagem, apresenta três pontos chaves: no primeiro ponto analisa o conceito de funções didácticas, no segundo ponto caracteriza as principais funções didácticas e no terceiro ponto, o trabalho analisa a relação que se possa encontrar entre as diferentes funções didácticas 

      1.  Funções didácticas
Neste ponto, o trabalho vai fazer uma abordagem do tema tomando em conta três pontos essenciais nomeadamente: o conceito de funções didácticas, as principais funções didácticas e a relação que pode estabelecer entre as diferentes funções didácticas no PEA.

1.1 Conceito de funções didácticas
Funções didácticas são etapas que ocorrem no processo de ensino aprendizagem. Estas funções estão estruturadas e sistematizadas.
Segundo Pilleti (1991) as funções didácticas são orientações para o professor dirigir o processo completo de aprendizagem e de aquisição de diferentes qualidades.
Cada fase ou passo da aula corresponde a uma só função didáctica dominante, embora nesta mesma fase se regista o envolvimento das restantes, com o fim elas assegurarem a eficiência da assimilação da matéria.
Cada função didáctica, como momento ou passo da aula que reflecte as regularidades do processo de ensino aprendizagem, é proposto o tempo da sua duração, conteúdo, método dominante, conjuntos de meios e formas de ensino a utilizar inclusive as actividades concretas dos alunos (Pilleti:1991).

1.2 Principais funções didácticas
As principais funções didácticas são: Introdução e Motivação, Mediação e Assimilação, Domínio e Consolidação e Controle e Avaliação.
As funções didácticas tem uma ligação entre si e se realizam isoladamente, sobrepondo-se umas das outras durante as diferentes etapas do PEA e que geralmente uma função didáctica abre o caminho para efectivação da outra e que o sucesso de uma possibilita o sucesso da outra, assumindo-se como uma unidade, no sentido de totalidade e não de soma e tal totalidade reflecte as relações especificas de cada função didáctica com a outra de maneira recíproca. A figura abaixo, demonstra tal reciprocidade entre as funções.
Figura 1: Interligação entre as diferentes funções didácticas.

 
 Fonte: Adaptado pelo grupo

1.2.1          Introdução e Motivação
Num contexto geral, introdução significa acto ou efeito de introduzir, prefácio, inicio de uma certa actividade, obra ou prática e a motivação é o acto de motivar, acção dos factores que determinam a conduta.
Introdução e Motivação decorrem normalmente no principio de uma aula. Esta desempenha grande papel para o sucesso da aprendizagem dos alunos. Tem em vista preparar o aluno para o inicio da aula e sua fase seguinte. Esta preparação tem 3 objectivos  fundamentais:
ü  Criar disposição e ambiente favoráveis aos alunos, que possam assegurar o bom discurso da aprendizagem;
ü  Consolidar o nível inicial e orientar o aluno para novo conteúdo;
ü  Motivar permanentemente com o fim de manter o interesse e a atenção dos alunos através de avaliação de estímulos.
Segundo Lebaneo (1994) Introdução, e a parte da entrada da aula que conduz ao aluno para estratégia de desenvolvimento, faz apresentação do tema, apresentação da questão chave, apresenta a problemática de forma resumida.
No contexto de sala de aula, usa-se a introdução de enquadramento em que o problema enquadra-se a propósito do titulo, de clara a sua importância e actualidade, apresenta-se síntese do trabalho antecipando a tese que será desenvolvida, tem frases genéricas e pouco coerentes adequados a todos.
 A Motivação consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe favoreça determinado tipo de conduta. Consiste em oferecer ao aluno os estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz (PILETTI, 2007:233).
Olhando para esta abordagem, pode-se concluir que a motivação tem dois campos nomeadamente: campo psicológico (em que ela  é o processo que se desenvolve no interior do individuo e o impulsiona a agir mental ou fisicamente em função de algo) e campo didáctico( em que  a motivação é o processo de incentivo destinado  a desencadear impulsos no interior do individuo, afim de predispô-lo na participação das actividades.
Numa aula sempre é aconselhável que haja a motivação. Nisso, a introdução de uma aula é antecedida ou ocorre com a motivação.
Em didáctica não se introduz uma aula sem motivar para tal observa-se um ciclo motivacional como o abaixo:
 
 Fonte: Lebaneo 1994
No ciclo motivacional, o estímulo rompe e cria uma necessidade de tensão conduzindo-o a um comportamento ou acção capaz de atingir uma satisfação. Quando o comportamento ou acção do individuo encontra uma barreira, esta gera uma frustração.

1.2.2         Mediação e Assimilação
Nesta etapa ou Função Didáctica, se realiza a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tem, a formação de conceitos, imaginação e de raciocínio dos alunos. No contexto didáctico, mediação é um processo pelo qual o professor dirige o processo de ensino aprendizagem em que são necessários elementos como: o professor, aluno, conteúdo, material didáctico, métodos e fins a atingir.
Segundo Pillet (1991) Mediação é acção concreta do PEA em que o professor passa os conteúdos e envolve dialogo e no fim faz a síntese.
A função do professor consiste em o processo de construção de conhecimentos e na mediação, prevalecem as formas de estruturação e organização didáctica dos conteúdos. Neste processo a figura do professor como transmissor de conhecimentos desaparece, para dar lugar a figura de mediador, facilitador ou orientador e tal mediação actualmente deve ser diferente, expondo cada vez mais alunos antes de objectos e receptores passivos, concebendo-os como sujeitos da sua própria aprendizagem para alem de ter conhecimentos para ter conhecimentos da própria aula.
Transmissão (mediação)              assimilação activa   
 Professor (mediador)                                        aluno (sujeito)

Depois de uma suscinta atenção e actividade mental dos alunos na etapa anterior, (Introdução e Motivação) chega o momento dos alunos se familiarizarem com o conhecimento que irão desenvolver e um dos procedimentos práticos tem sido a apresentação do conteúdo como problema a ser resolvido, embora nem todos os conteúdos se prestam a isso.
Para Nerice (1999) “assimilação é o processo psicológico da mente, assimilar o mundo exterior”.
 Quando o indivíduo se defronta com uma situação nova e, por meio de seus esquemas de acção compreende-a ou na mesma actua eficazmente, é por que houve assimilação, porque parte do mundo exterior até então desconhecida, incorporou-se a sua vida mental. Na assimilação, importam os processos de cognição mediante à assimilação activa e interiorização de conhecimento, atitudes e convicções.
Assim, a mediação e a assimilação constitui a etapa onde a aula onde se realiza a percepção dos fenómeno de conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de observação, imaginação e raciocínio dos alunos. Pode ser bem percebido como momento da aula na qual o mediador deve dar explicações necessárias, organizar actividades dos alunos que os possam conduzir a assimilação activa dos conhecimentos para desenvolver atitudes, convicções, habilidades, hábitos, etc.

1.2.3. Domínio e Consolidação
Enquanto o domínio constitui a formação e desenvolvimento de habilidades, por sua vez a consolidação consiste em recordar a matéria sobre habilidades e conhecimentos.
O domínio e consolidação é o momento da aula em que se realizam acções com a finalidade de sistematizar, reflectir e aplicar (Pillet:1991).
Nesta etapa, pretende-se conseguir o aprimoramento do já (não) novo saber nos alunos, para isso o professor deve criar condições de retenção e compreensão das matérias através de exercícios e actividades praticas para solidificar a compreensão. Ainda neste aspecto é preciso que os conhecimentos sejam organizados, aprimorados e fixados na mente dos alunos afim de que sejam disponíveis para orienta-los nas situações concretas de estudo de vida, do mesmo modo em paralelo com os conhecimentos e através deles é preciso aprimorar a formação de habilidades e hábitos para a utilização independente e criadora dos conhecimentos.
Não vale a pena adiantar com a matéria, sob a pena de que os alunos tenham apenas pequenas recordações do que viram, sem poder por em pratica e muito menos aproveitar-se do conteúdo aprendido para as aprendizagens posteriores através de repetição, sistematização e aplicação, que constituem o suporte metodológico através das quais se torna realidade o domínio e consolidação da matéria.
Através da repetição, o professor deve:
·         Reafirmar os conhecimentos e capacidades fundamentais
·         Controlar o nível de situação inicial dos alunos e
·         Obter uma base para avaliar a cada aluno ou todo o grupo.
A aplicação constitui o centro do PEA e é a etapa superior do aumento e desenvolvimento de capacidades através da resolução de problemas e tarefas em situações análogas e novas. Este método é a ponte para a pratica profissional visto que se desenvolvem as capacidades que devem possibilitar aos alunos  o poder de aproveitar a teoria e posteriormente colocar os seus conhecimentos no trabalho produtivo.
1.2.3         Controle e Avaliação
O controle e avaliação, acompanham todo o P.E.A. e forma ao mesmo tempo conclusão das unidades do ensino.
Segundo Libâneo (1994) para o professor poder dirigir efectivamente o P.E.A. deve conhecer permanentemente o grau das dificuldades dos alunos na compreensão da matéria. Este controle vai consistir também em acompanhar o P.E.A. avaliando-se as actividades do professor e do aluno em função dos objectivos definidos.

A avaliação, como parte integrante do PEA, é uma actividade contínua de pesquisa que visa verificar até que ponto os objectivos definidos no programa estão sendo alcançados de modo a se decidir sobre alternativas do trabalho do formador, do formando ou da escola como um todo.
Segundo Pilleti (1991), denomina-se de avaliação ao conjunto de instrumentos com a finalidade de medir o grau de alcance de objectivos na vertente do professor e do aluno.
Sendo assim, ela não deve ser entendida como um fim em si, mas um meio para verificar as mudanças de comportamento. Ela permite identificar os alunos que necessitam de atenção especial e reformular o trabalho com a adopção de procedimentos para sanar tais deficiências. O próprio aluno deve perceber que a avaliação é um meio e, para isso, o professor deve explicar-lhe os objectivos da mesma e analisar com ele os resultados alcançados.
Através do controlo e avaliação o professor ou educador pode providenciar se necessário rectificar, suplementar ou mesmo reorientar a aprendizagem.


1.3 Relação entre as diferentes funções didáctica
Entre as diferentes funções didácticas, há uma relação de complementaridade que possa estabelecer tal como se pode verificar nos itens abaixo.

1.3.1 Relação Introdução /Motivação e Mediação /Assimilação

O professor apresenta o assunto da aula de forma interactiva, faz uma revisão, reactivação dos conhecimentos assimilados que estejam relacionados com o novo assunto: coloca questões da matéria nova para despertar interesse. A actividade anterior visa transformar os objectivos da aula em objectivos de aprendizagem de cada um dos alunos.
O professor pode fazer a motivação de forma interactiva, quando colocando questões da matéria nova ou ainda fazendo revisão dos conhecimento assimilados que estejam relacionados com o novo assunto e ainda escrevendo o assunto da aula no quadro, tudo isso com vista a despertar interesse nos alunos.
Uma vez o aluno motivado, o professor faz a mediação atreves de ilustrações, faz resumos, esclarece os assuntos, expõe os conteúdos e o aluno na assimilação toma nota, presta atenção, aplica os conhecimentos, apresente as questões, faz resumos e abstracções.

1.3.2 Relação Introdução /Motivação e Domínio /Consolidação
Sob ponto de vista de estruturação da aula, esta função, introdução e motivação constitui a primeira etapa da aula, portanto, é caracterizado por um processo de estimulação destinado a desencadear impulsos interiores do indivíduo a fim de predispô-lo a querer participar nas actividades escolares oferecidas pelo mediador. Assim sendo, este momento de aula tem a seguinte importância:
- Base do êxito e do rendimento, por subordinar-se à forma como os alunos são motivados para a aprendizagem que deverá ser caracterizada por uma actividade consciente para os alunos.
Estando o aluno motivado, na fase do domínio e consolidação procuram se reduzir os erros dos alunos na compreensão da matéria e permitir a fixação dos conhecimentos na memória. Portanto, ainda na fase de introdução e motivação entram elementos de reactivação, o que significa que um bom domínio e consolidação começam com uma boa introdução e motivação. Consolidar e dominar não só são funções de luta contra o esquecimento mas também para elevar o nível das capacidades, desenvolver as habilidades, fixar os hábitos e aplicar o aprendido.

1.3.3 Relação Introdução /Motivação e Controlo /Avaliação
Sabendo-se que para o professor dirigir efectivamente o PEA ele precisa conhecer o grau das dificuldades dos alunos na compreensão das matérias e para isso o professor precisa controlar e avaliar os alunos; dependendo dos resultados o professor pode saber até que ponto foram motivados, isto é, pode medir até que ponto foi efectuada a função didáctica Introdução/Motivação. Neste sentido o controle e avaliação tanto controla os alunos assim como o professor.

1.3.4 Relação Medição/ Assimilação e Domínio / Consolidação
Partindo de princípio que na medição e assimilação ocorre a medição do conteúdo por parte do professor e consequente a assimilação parte do aluno quanto mais eficaz for esta função didáctica tanto mais será a função didáctica Domínio / Consolidação, isto é, o aluno só poderá consolidar e dominar o que tiver assimilado, esteja isto correcto ou errado.
Ex: Sabe-se que na medição e Assimilação ha retenção das leis, dos princípios das formulas e das teorias e dissemos que na Consolidação exercitamos; o aluno só poderá aplicar as fórmulas para a resolução de exercícios relacionados com a queda livre dos corpos se realmente tiver assimilado as teorias assim como as formulas e todas as outras componentes da função didáctica Medição/ Assimilação.



1.3.5 Relação Mediação/ Assimilação e Controle /Avaliação.
Estas duas funções didácticas têm a seguinte relação:
Só pode ser controlado e avaliado um conteúdo previamente mediado e assimilado, isto é, o professor não pode avaliar conteúdos não dados.
Ao mesmo, o Controle avalia até que os conteúdos forem mediados e assimilados, para a partir daí fazer ajustes se necessário ou manter o mesmo ritmo se a Assimilação/Mediação for bem sucedida.
Ex: falando ainda da queda livre dos corpos: o professor pode avaliar se os alunos assimilaram os conteúdos, isto é, as teorias, os princípios, as fórmulas bem como as leis.

1.3.6 Relação Domínio /consolidação e controlo /avaliação
Os conhecimentos mediados e assimilados são organizados, aprimorados e “fixados” na mente dos alunos de modo a que fiquem disponíveis para a sua aplicação em novas situações de vida concreta do aluno.
O mais importante é que, de facto, estes conhecimentos devem ser aprimorados possibilitando a formação de habilidades, hábitos para utilização independente e criadora desses.
Deste modo, para a consolidação e a formação de habilidades e hábitos é necessários que se incluam exercícios de fixação que podem ir desde perguntas simples até à recapitulação dos focos principais da aula. Por isso, as tarefas de recapitulação, sistematização e os exercícios devem dar oportunidade ao aluno de estabelecer entre o aprendido e situações novas, comparar os conhecimentos obtidos com os factos da vida real, apresentar problemas ou questões diferentemente de como foram abordados, por exemplo, no livro didáctico, pôr em prática habilidades e hábitos decorrentes do estudo.
Tendo consolidado a matéria, é preciso testar se também e ver de que maneira o professor mediou, avaliando-se as actividades do professor e dos alunos, em função dos objectivos definidos. Avalia-se o nível atingido, identificam-se os problemas ou dificuldades que existem e propõem-se medidas para a sua solução.


Conclusão
As funções didácticas como orientações para o professor, dirigirem o processo completo de aprendizagem e de aquisição de diferentes qualidades elas estão interligadas entre si não podendo se realizar isoladamente dai a interdependência  uma das outras durante as diferentes etapas do PEA. Geralmente uma função didáctica abre o caminho para a efectivação da outra e que o sucesso de uma possibilita o sucesso da outra, assumindo-se como uma unidade, no sentido de totalidade e não de soma, esta totalidade reflecte as relações especificas de cada função didáctica com a outra de maneira recíproca.
Da relação que se estabelece entre as funções importa verificar que: enquanto introdução e motivação corresponde especificamente ao momento de preparação para a mediação de conhecimento na sala de aula, a mediação e assimilação é o momento dos alunos familiarizarem-se com o conhecimento que irão desenvolver. O  Domínio e Consolidação é etapa que se pretende conseguir o aprimoramento do já (não) novo saber nos alunos, e, finalmente, o controle e avaliação permite educador providenciar se necessário rectificar, suplementar ou mesmo reorientar a aprendizagem.
Entre as varias funções didácticas também se pode encontrar uma relação de reciprocidade com vista a permitir que o PEA seja cada vez mais eficiente e eficaz



Bibliografia
·         LIBÂNEO, José Carlos. Didáctica. (colecção Magistério 2º Grau, Semi -Formação  Professor). Editora Cortez. São Paulo.1994.pp.128-145.    
·         NERICI, Giuseppe Emídio. Didáctica - Uma introdução. 2. ed. Eletra Atlas. São Paulo 1999.
·         PILLETI, Claudino. Didáctica Geral. 12 ed. Atira. São Paulo. 1991